Edifício Seabra (Rio de Janeiro)
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Praia do Flamengo, 88
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edifício de apartamentos
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O primeiro edifício de apartamentos do Rio (e do Brasil) data de 1910. Feitos de olho no aluguel da população de baixa renda, os edifícios de moradia logo caíram no gosto da elite, por influência da ponte marítima Rio-Paris. Na capital francesa, os prédios de apartamentos de luxo existem desde o século XIX. No Rio, havia ainda outro incentivo para os edifícios residenciais, que apareceram primeiro no centro. Além do aspecto da modernidade – os anúncios da época destacavam, por exemplo, o elevador, o “frigidair” e o “telephonio” –, havia a questão higiênica. Morar à beira-mar, com condições de sol e vento favoráveis, era bem visto.
Finalizado antes da metade da década de 30, o Seabra já tinha incinerador de lixo. No projeto, com quatro apartamentos por andar, também já aparece uma área de circulação principal independente da área de serviço, característica do apartamento brasileiro até hoje, apesar das leis contra a discriminação no uso dos elevadores.
Na fachada e no saguão principal, o Seabra é típico da arquitetura eclética, o estilo que rompeu com a ortodoxia do modelo clássico e embaralhou ordens de proporção, ornamentos e composições bem definidas. O ecletismo apareceu na metade do século XVIII, quando o excêntrico Horace Walpole criou uma salada estilística no projeto da residência de seu pai, o primeiro-ministro da Inglaterra Robert Walpole. Depois dele, principalmente no século XIX, o estilo percorreu o mundo ocidental e deu asas à imaginação de projetistas e clientes “criativos”. Desenhado por Mario Vodret, o Seabra possui, predominantemente, elementos toscanos. Mas se podem observar outras influências, como a semelhança com os edifícios de Louis Sullivan, principal arquiteto da escola de Chicago, que difundiu a idéia do arranha-céu. Há ainda outra curiosidade: as venezianas são do tipo “Copacabana”, popularizadas na verticalização do bairro. Ou seja, é um verdadeiro “samba do crioulo doido”.
Quando o chique era morar no Flamengo, o comendador português Gervásio Seabra trouxe da Itália um arquiteto para fazer o projeto do que seria o segundo edifício construído na Praia do Flamengo, cópia de um castelo da Toscana pelo qual ele se apaixonara. O arquiteto usou (e abusou) de sua imaginação, e o prédio ficou conhecido como o Dakota carioca, em oposição ao prédio nova-iorquino onde John Lennon tinha um apartamento.
A portaria pode ser descrita como psicodélica. As paredes são todas pintadas com motivos os mais diversos, o chão é de mármore – importado, claro –, fazendo desenhos, diferentes uns dos outros, as paredes são feitas com óleo de baleia, e um imenso lustre de ferro coroa a obra. Por fora, o prédio é cinza-escuro, quase preto.
O comendador e sua esposa, dona Assunta, moravam nos três últimos andares, de 800 metros quadrados cada, e tinham sua portaria particular, onde um elevador privativo os levava ao lar. Dona Assunta gostava de freqüentar os cassinos do Rio; quando entrava, dizia-se que, se as luzes se apagassem, suas jóias eram tantas, de tal porte, e brilhavam tanto, que iluminariam todo o salão.
Os dois filhos do casal, Nelson e Roberto, eram doidos por corridas de cavalos. Dessa paixão surgiu o Stud Seabra; era deles a égua Tirolesa, ganhadora do Grande Prêmio Brasil de 1950. As selas de seus cavalos e as camisas dos jóqueis vinham todas de Paris, da Maison Hermès.
Outra das paixões de Nelson era participar de leilões e comprar antiguidades. Uma das catorze salas do apartamento tinha prateleiras em todas as paredes para abrigar apenas objetos de prata – insólitos, por sinal. Eram apenas 452.
Durante anos, Nelson morou em Paris, no Hotel George V, mas passava o mês de julho no Rio, para cuidar dos negócios. Era assim: quando ele ia para Paris, uma empresa de mudanças embalava todos os quadros e objetos de arte, e levava para o guarda-móveis; dez dias antes de ele chegar, tudo era recolocado nos seus lugares, através de fotos de cada canto do apartamento. Simples, não?
Tombado pelo patrimônio municipal, Decreto 14.089, de 31/07/1995.
Fonte: baixazonasul.wordpress.com/2008/02/08/edificios-imponen...
Finalizado antes da metade da década de 30, o Seabra já tinha incinerador de lixo. No projeto, com quatro apartamentos por andar, também já aparece uma área de circulação principal independente da área de serviço, característica do apartamento brasileiro até hoje, apesar das leis contra a discriminação no uso dos elevadores.
Na fachada e no saguão principal, o Seabra é típico da arquitetura eclética, o estilo que rompeu com a ortodoxia do modelo clássico e embaralhou ordens de proporção, ornamentos e composições bem definidas. O ecletismo apareceu na metade do século XVIII, quando o excêntrico Horace Walpole criou uma salada estilística no projeto da residência de seu pai, o primeiro-ministro da Inglaterra Robert Walpole. Depois dele, principalmente no século XIX, o estilo percorreu o mundo ocidental e deu asas à imaginação de projetistas e clientes “criativos”. Desenhado por Mario Vodret, o Seabra possui, predominantemente, elementos toscanos. Mas se podem observar outras influências, como a semelhança com os edifícios de Louis Sullivan, principal arquiteto da escola de Chicago, que difundiu a idéia do arranha-céu. Há ainda outra curiosidade: as venezianas são do tipo “Copacabana”, popularizadas na verticalização do bairro. Ou seja, é um verdadeiro “samba do crioulo doido”.
Quando o chique era morar no Flamengo, o comendador português Gervásio Seabra trouxe da Itália um arquiteto para fazer o projeto do que seria o segundo edifício construído na Praia do Flamengo, cópia de um castelo da Toscana pelo qual ele se apaixonara. O arquiteto usou (e abusou) de sua imaginação, e o prédio ficou conhecido como o Dakota carioca, em oposição ao prédio nova-iorquino onde John Lennon tinha um apartamento.
A portaria pode ser descrita como psicodélica. As paredes são todas pintadas com motivos os mais diversos, o chão é de mármore – importado, claro –, fazendo desenhos, diferentes uns dos outros, as paredes são feitas com óleo de baleia, e um imenso lustre de ferro coroa a obra. Por fora, o prédio é cinza-escuro, quase preto.
O comendador e sua esposa, dona Assunta, moravam nos três últimos andares, de 800 metros quadrados cada, e tinham sua portaria particular, onde um elevador privativo os levava ao lar. Dona Assunta gostava de freqüentar os cassinos do Rio; quando entrava, dizia-se que, se as luzes se apagassem, suas jóias eram tantas, de tal porte, e brilhavam tanto, que iluminariam todo o salão.
Os dois filhos do casal, Nelson e Roberto, eram doidos por corridas de cavalos. Dessa paixão surgiu o Stud Seabra; era deles a égua Tirolesa, ganhadora do Grande Prêmio Brasil de 1950. As selas de seus cavalos e as camisas dos jóqueis vinham todas de Paris, da Maison Hermès.
Outra das paixões de Nelson era participar de leilões e comprar antiguidades. Uma das catorze salas do apartamento tinha prateleiras em todas as paredes para abrigar apenas objetos de prata – insólitos, por sinal. Eram apenas 452.
Durante anos, Nelson morou em Paris, no Hotel George V, mas passava o mês de julho no Rio, para cuidar dos negócios. Era assim: quando ele ia para Paris, uma empresa de mudanças embalava todos os quadros e objetos de arte, e levava para o guarda-móveis; dez dias antes de ele chegar, tudo era recolocado nos seus lugares, através de fotos de cada canto do apartamento. Simples, não?
Tombado pelo patrimônio municipal, Decreto 14.089, de 31/07/1995.
Fonte: baixazonasul.wordpress.com/2008/02/08/edificios-imponen...
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