Concheiro
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O concheiro
Escrito por Eduardo Lorea*
Miércoles 23 de Febrero de 2005 15:44
Do Oiapoque ao Chui tem muita coisa bonita. Uma delas, além de linda, é original e rara - o concheiro do Chui. A cada dia ele fica maior e melhor. Cresce com cada onda do mar.
O concheiro é uma formação única no Brasil, fenômeno natural com apenas uma pequena ajuda do homem – a fixação dos molhes da barra do Arroio Chui.
Trata-se de uma impressionante estrada de conchas, daí o nome, cuja largura varia de 50 a 100 metros. Ela se estende por até 50 quilômetros, entre as praias do Cassino e do Hermenegildo, no extremo sul do Brasil.
O pessoal do lugar pronuncia “conchero”, à espanhola, engolindo o “i” por influência dos vizinhos uruguaios. No dicionário a palavra significa sambaqui, mas lá pelas bandas orientales ninguém usa a versão tupiniquim.
Pouca gente conhece o concheiro porque a maior parte do ano ele passa debaixo da areia. Nunca foi apresentado no Fantástico. No Google só aparecem concheiros à portuguesa, onde a palavra é usada em arqueologia. De brasileiro, apenas o relato deslumbrado de um estudante explorador.
O concheiro tem seu momento de esplendor depois de uma tempestade, quando o mar recua levando a areia. Aí, milhões de conchas aparecem, limpinhas. Se for dia de sol, elas refletem a luz dos raios, ofuscando a vista. Atenção turistas: nada a ver com a maré. As conchas só aparecem depois de tempestades.
Quanto ao lado “estrada”, é um caminho para poucos. Apenas aventureiros tipo Discovery Channel e pescadores freqüentam o lugar. O mar pode avançar de repente e engolir tudo, tipo tsunami. No ano passado, um empresário paulista tentou cruzar com sua camionete 4 x 4 e deixou a bichinha enterrada na areia.
O pessoal mais consciente está tentando impedir que carros trafeguem lá nessas horas, porque só se ouve aquele crac-crac das conchas quebrando. O jipe da foto é um mau exemplo – como ele estava lá, serve de ilustração e advertência.
O concheiro se forma quando as correntes naturais, em redemoinho, arrastam o lixo do fundo do mar e atiram tudo para a praia. As conchas são os restos dos alimentos de peixes maiores, e também as carcaças dos bichos que morreram de causas naturais.
Os redemoinhos se formam sem dia certo, ora quando a vão do Arroio é maior do que o mar que entra, ora quando ocorre uma mudança nas correntes.
A formação era pequena nos anos 80. Aparecia 20 km ao norte do Chui, andava algumas centenas de metros e se interrompia. Ia assim, pingada, por mais ou menos 30 km, lembram os mais velhos.
O fenômeno cresceu para os 50km contínuos de hoje depois de uma intervenção do homem, explica José Ricardo Valle, do Conselho de Meio Ambiente de Santa Vitória do Palmar: “A retificação da foz do arroio Chui mudou a natureza”.
A mudança se deu depois da retificação, feita por decisão diplomática para ajustar a fronteira entre Brasil e Uruguai. Os molhes do arroio avançaram pelo mar, deslocando o eixo dos redemoinhos – é a tese de Zé Ricardo, apoiado em fotos de satélite.
O concheiro em si não tem valor comercial, não há nada ali que possa ser explorado comercialmente a não ser sua beleza. Técnicos do Sebrae planejaram turismo ecológico, mas tudo acabou quando o Lula decretou a ampliação da Estação Ecológica do Taim, em junho de 2003, interditando o pedaço.
Em dezembro do ano passado, o Supremo Tribunal Federal derrubou o decreto depois de pressões de arrozeiros, fazendeiros de gado e pescadores. Eles ocupam as terras do banhado do Taim e querem mais espaço em direção ao mar.
Agora o turismo está recomeçando. Na semana passada, dezenas de jipeiros estavam roncando suas máquinas em Santa Vitória, prontos para os 200 km até Rio Grande, 50 deles ouvindo o crac-crac. Mas o tempo estava bom e o concheiro prudentemente escondido sob seu manto de areia.
* Eduardo Lorea Leite, 22 anos, é repórter do Jornal Já Porto Alegre.
Fonte:
www.oeco.com.br/es/reportagens/994-oeco_11538
The concheiro
Written by Eduardo Lorea *
Miércoles 23 de Febrero 2005 15:44
From Oiapoque to Chui has pretty much. One of them, in addition to beautiful, original and rare - the concheiro of Chui. Every day it gets bigger and better. Grows with each wave of the sea.
The concheiro is a unique formation in Brazil, natural phenomenon with only a little help from man - setting the bar of the piers Arroyo Chui.
This is an impressive road shells, hence the name, whose width varies from 50 to 100 meters. It stretches for 50 kilometers, between the beaches and the Casino Hermenegildo, in southern Brazil.
The staff of the place pronounced "conchero", the Spanish, swallowing the "i" under the influence of neighboring Uruguay. In the dictionary the word means sambaqui, but there orientales bands no one uses version tupiniquim.
Few people know concheiro because most of the year it passes beneath the sand. Never was made in the Fantastic. Google will only appear in the Portuguese shell mounds, where the word is used in archeology. In Brazil, only the story of a student dazzled explorer.
The concheiro has its moment of glory after a storm when the sea recedes leading to sand. Then, millions of shells appear limpinhas. If sunny day, they reflect the light rays, obscuring the view. Attention tourists: nothing to do with the tide. The shells appear only after storms.
The next "Road" is a way for the few. Only adventurers like Discovery Channel and fishermen frequent the place. The sea can move suddenly and swallow everything, like tsunami. Last year, a Sao Paulo businessman tried to cross with his 4 x 4 pickup truck and left the sissy in the sand.
The more aware people are trying to prevent cars trafeguem there at those times, because they only hear one crack-crack of breaking shells. The jeep of the photo is a bad example - as he was there, serves as illustration and warning.
The concheiro forms when natural currents, swirling, sweep the trash from the bottom of the sea and throw everything to the beach. The shells are the remains of food for larger fish, and also the carcasses of animals that died of natural causes.
The eddies are formed without the right day, now when will the creek is higher than the sea that goes, sometimes when a change in currents.
The training was small in 80 years. Appeared 20 km north of Chui, walked a few hundred yards and stopped. Would thus dripped for about 30 km, reminiscent of the older.
The phenomenon grew to 50km continued today after a man's intervention, explains José Ricardo Valle, the Environment Council of Santa Vitória do Palmar, "Rectification of the mouth of the stream changed Chui nature."
The change happened after rectification made by diplomatic decision to adjust the border between Brazil and Uruguay. The piers of the stream moved by sea, by shifting the axis of eddies - is the thesis of Ze Ricardo, supported by satellite photos.
The concheiro itself has no commercial value, there's nothing there that can be exploited commercially except her beauty. Technical Sebrae planned eco-tourism, but it all ended when Lula decreed the extension of the Taim Ecological Station, in June 2003, banning the piece.
In December last year, the Supreme Court overturned the decree after pressure from rice farmers, cattle ranchers and fishermen. They occupy the lands of the plated Taim and want more space towards the sea.
Now tourism is starting. Last week, dozens of jipeiros were snoring their machines in Santa Vitoria, ready for the 200 km to Rio Grande, 50 of them listening to the crack-crack. But the weather was good and concheiro carefully hidden under his mantle of sand.
* Lorea Eduardo Leite, 22, is a reporter for the Journal already Porto Alegre.
Foto Crédito:
inema.com.br/albuns/0019415/index.htm
olhares.uol.com.br/concheiros-foto1472557.html
www.flickr.com/photos/andrecolling/with/5628060801/
www.praia.log.furg.br/fotos/fotos.html
Escrito por Eduardo Lorea*
Miércoles 23 de Febrero de 2005 15:44
Do Oiapoque ao Chui tem muita coisa bonita. Uma delas, além de linda, é original e rara - o concheiro do Chui. A cada dia ele fica maior e melhor. Cresce com cada onda do mar.
O concheiro é uma formação única no Brasil, fenômeno natural com apenas uma pequena ajuda do homem – a fixação dos molhes da barra do Arroio Chui.
Trata-se de uma impressionante estrada de conchas, daí o nome, cuja largura varia de 50 a 100 metros. Ela se estende por até 50 quilômetros, entre as praias do Cassino e do Hermenegildo, no extremo sul do Brasil.
O pessoal do lugar pronuncia “conchero”, à espanhola, engolindo o “i” por influência dos vizinhos uruguaios. No dicionário a palavra significa sambaqui, mas lá pelas bandas orientales ninguém usa a versão tupiniquim.
Pouca gente conhece o concheiro porque a maior parte do ano ele passa debaixo da areia. Nunca foi apresentado no Fantástico. No Google só aparecem concheiros à portuguesa, onde a palavra é usada em arqueologia. De brasileiro, apenas o relato deslumbrado de um estudante explorador.
O concheiro tem seu momento de esplendor depois de uma tempestade, quando o mar recua levando a areia. Aí, milhões de conchas aparecem, limpinhas. Se for dia de sol, elas refletem a luz dos raios, ofuscando a vista. Atenção turistas: nada a ver com a maré. As conchas só aparecem depois de tempestades.
Quanto ao lado “estrada”, é um caminho para poucos. Apenas aventureiros tipo Discovery Channel e pescadores freqüentam o lugar. O mar pode avançar de repente e engolir tudo, tipo tsunami. No ano passado, um empresário paulista tentou cruzar com sua camionete 4 x 4 e deixou a bichinha enterrada na areia.
O pessoal mais consciente está tentando impedir que carros trafeguem lá nessas horas, porque só se ouve aquele crac-crac das conchas quebrando. O jipe da foto é um mau exemplo – como ele estava lá, serve de ilustração e advertência.
O concheiro se forma quando as correntes naturais, em redemoinho, arrastam o lixo do fundo do mar e atiram tudo para a praia. As conchas são os restos dos alimentos de peixes maiores, e também as carcaças dos bichos que morreram de causas naturais.
Os redemoinhos se formam sem dia certo, ora quando a vão do Arroio é maior do que o mar que entra, ora quando ocorre uma mudança nas correntes.
A formação era pequena nos anos 80. Aparecia 20 km ao norte do Chui, andava algumas centenas de metros e se interrompia. Ia assim, pingada, por mais ou menos 30 km, lembram os mais velhos.
O fenômeno cresceu para os 50km contínuos de hoje depois de uma intervenção do homem, explica José Ricardo Valle, do Conselho de Meio Ambiente de Santa Vitória do Palmar: “A retificação da foz do arroio Chui mudou a natureza”.
A mudança se deu depois da retificação, feita por decisão diplomática para ajustar a fronteira entre Brasil e Uruguai. Os molhes do arroio avançaram pelo mar, deslocando o eixo dos redemoinhos – é a tese de Zé Ricardo, apoiado em fotos de satélite.
O concheiro em si não tem valor comercial, não há nada ali que possa ser explorado comercialmente a não ser sua beleza. Técnicos do Sebrae planejaram turismo ecológico, mas tudo acabou quando o Lula decretou a ampliação da Estação Ecológica do Taim, em junho de 2003, interditando o pedaço.
Em dezembro do ano passado, o Supremo Tribunal Federal derrubou o decreto depois de pressões de arrozeiros, fazendeiros de gado e pescadores. Eles ocupam as terras do banhado do Taim e querem mais espaço em direção ao mar.
Agora o turismo está recomeçando. Na semana passada, dezenas de jipeiros estavam roncando suas máquinas em Santa Vitória, prontos para os 200 km até Rio Grande, 50 deles ouvindo o crac-crac. Mas o tempo estava bom e o concheiro prudentemente escondido sob seu manto de areia.
* Eduardo Lorea Leite, 22 anos, é repórter do Jornal Já Porto Alegre.
Fonte:
www.oeco.com.br/es/reportagens/994-oeco_11538
The concheiro
Written by Eduardo Lorea *
Miércoles 23 de Febrero 2005 15:44
From Oiapoque to Chui has pretty much. One of them, in addition to beautiful, original and rare - the concheiro of Chui. Every day it gets bigger and better. Grows with each wave of the sea.
The concheiro is a unique formation in Brazil, natural phenomenon with only a little help from man - setting the bar of the piers Arroyo Chui.
This is an impressive road shells, hence the name, whose width varies from 50 to 100 meters. It stretches for 50 kilometers, between the beaches and the Casino Hermenegildo, in southern Brazil.
The staff of the place pronounced "conchero", the Spanish, swallowing the "i" under the influence of neighboring Uruguay. In the dictionary the word means sambaqui, but there orientales bands no one uses version tupiniquim.
Few people know concheiro because most of the year it passes beneath the sand. Never was made in the Fantastic. Google will only appear in the Portuguese shell mounds, where the word is used in archeology. In Brazil, only the story of a student dazzled explorer.
The concheiro has its moment of glory after a storm when the sea recedes leading to sand. Then, millions of shells appear limpinhas. If sunny day, they reflect the light rays, obscuring the view. Attention tourists: nothing to do with the tide. The shells appear only after storms.
The next "Road" is a way for the few. Only adventurers like Discovery Channel and fishermen frequent the place. The sea can move suddenly and swallow everything, like tsunami. Last year, a Sao Paulo businessman tried to cross with his 4 x 4 pickup truck and left the sissy in the sand.
The more aware people are trying to prevent cars trafeguem there at those times, because they only hear one crack-crack of breaking shells. The jeep of the photo is a bad example - as he was there, serves as illustration and warning.
The concheiro forms when natural currents, swirling, sweep the trash from the bottom of the sea and throw everything to the beach. The shells are the remains of food for larger fish, and also the carcasses of animals that died of natural causes.
The eddies are formed without the right day, now when will the creek is higher than the sea that goes, sometimes when a change in currents.
The training was small in 80 years. Appeared 20 km north of Chui, walked a few hundred yards and stopped. Would thus dripped for about 30 km, reminiscent of the older.
The phenomenon grew to 50km continued today after a man's intervention, explains José Ricardo Valle, the Environment Council of Santa Vitória do Palmar, "Rectification of the mouth of the stream changed Chui nature."
The change happened after rectification made by diplomatic decision to adjust the border between Brazil and Uruguay. The piers of the stream moved by sea, by shifting the axis of eddies - is the thesis of Ze Ricardo, supported by satellite photos.
The concheiro itself has no commercial value, there's nothing there that can be exploited commercially except her beauty. Technical Sebrae planned eco-tourism, but it all ended when Lula decreed the extension of the Taim Ecological Station, in June 2003, banning the piece.
In December last year, the Supreme Court overturned the decree after pressure from rice farmers, cattle ranchers and fishermen. They occupy the lands of the plated Taim and want more space towards the sea.
Now tourism is starting. Last week, dozens of jipeiros were snoring their machines in Santa Vitoria, ready for the 200 km to Rio Grande, 50 of them listening to the crack-crack. But the weather was good and concheiro carefully hidden under his mantle of sand.
* Lorea Eduardo Leite, 22, is a reporter for the Journal already Porto Alegre.
Foto Crédito:
inema.com.br/albuns/0019415/index.htm
olhares.uol.com.br/concheiros-foto1472557.html
www.flickr.com/photos/andrecolling/with/5628060801/
www.praia.log.furg.br/fotos/fotos.html
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