Mosteiro de Santa-Clara-a-Nova (Coimbra) | igreja, igreja católica

Portugal / Centro / Coimbra
 igreja, mosteiro, igreja católica

Convento de Santa-Clara-a-Nova. Extinto na época do fim das ordens religiosas, ficou ao cuidado da Venerável Confraria da Rainha Santa Isabel e 75% da sua área foi arrendada por pouco mais de 7 escudos (sim,é verdade, eu sei que custa acreditar) ao exército português (mesmo assim conseguiram ser caloteiros e não pagar durante mais de 20 anos). Actualmente o quartel encontra-se encerrado, mas mesmo assim o senhorio continua sem acesso ao mesmo e o governo está a pensar vender algo que não é dele, para fazer uma pousada.


Mosteiro de Santa Clara e Túmulo da Rainha Santa Isabel, Claustro e Coros / Mosteiro de Santa Clara-a-Nova / Mosteiro de Santa Isabel

IPA
Monumento

Nº IPA
PT020603160003

Designação
Mosteiro de Santa Clara e Túmulo da Rainha Santa Isabel, Claustro e Coros / Mosteiro de Santa Clara-a-Nova / Mosteiro de Santa Isabel

Localização
Coimbra, Coimbra, Santa Clara

Acesso
Cç. de Santa Isabel / Lg. da Esperança

Protecção
MN, Dec. 16-06-1910, DG 136 de 23 Junho 1910, Dec. 20 de Maio 1911, DG 119 de 23 Maio 1911, ZEP, DG 46 de 23 Fevereiro 1961, DG 259 de 04 Novembro 1968 *1, DR 49 de 11 de Março de 2009.

Enquadramento
Urbano. Localiza-se na margem esquerda do Rio Mondego, no Alto de Santa Clara, contrapondo-se à mole da Universidade (v. PT020603020051 ), na margem oposta, constituindo estes conjuntos construídos dois polos referenciadores de duas zonas da cidade. Isolado e em posição altimétrica dominante, beneficia de condições paisagísticas privilegiadas, tendo na envolvente outras estruturas conventuais como o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha (v. PT020603160002 ) e o de São Francisco (v. PT020603160020 ), este mais próximo, já a meia encosta. O acesso ao convento é efectuado pela Calçada de Santa Clara, ladeada por casario e pelas capelas dos Passos (v. PT020603160057 ), constituindo uma espécie de monte santo, que, passando na capela de Nossa Senhora da Esperança (v. PT020603160047 ), culmina na igreja, tomada como ponto de peregrinação. Esta é antecedida por amplo terreiro protegido por grade metálica e com acesso por portal de verga recta, ladeado por duas colunas sobre altos plintos, de fuste liso e capitéis coríntios, rematadas por friso e espaldar com escudo e pináculos, surgindo uma cruz no centro; no intradorso, o portal é flanqueado por colunas com o mesmo perfil das anteriores; este foi executado com materiais reaproveitados do Convento antigo. O terreiro é amplo, protegido por guarda de cantaria, constituindo um balcão - miradouro sobre a cidade, para onde abre a porta da igreja, antecedida por escadório rectangular, de cinco degraus, e a antiga portaria do convento. No centro do terreiro, implanta-se a escultura da Rainha Santa, executada em mármore de Estremoz. No lado O. é ainda visível parte da cerca, com alto muro envolvente a descrever os acidentes do terreno, aberto em algumas zonas para dar lugar à via pública e onde surgem algumas casas de habitação e uma capela, bem como vestígios do primitivo olival e do aqueduto que abastecia de água o imóvel (v. PT020603160062 ).

Descrição
Conjunto composto pelo mosteiro, que inclui igreja, dependências monacais e hospedaria, além de construções anexas, tanto coevas da ocupação inicial como resultantes da adaptação do cenóbio a complexo militar no séc. 20. No primeiro caso contam-se duas capelas de planta rectangular e com cobertura em telhado, uma localizada junto à ala do refeitório, e a outra na proximidade do torreão N. da ala dos dormitórios. Os edifícios propriamente militares levantam-se na área da cerca, formam uma linha descontínua de construções de N. para S. pelo lado poente da propriedade, têm planta rectangular, disposição horizontal de volumes e coberturas em telhado, à excepção de um pavilhão de construção mais recente, e aproveitam os desníveis do terreno. O convento tem planta quadrangular irregular, prolongada por duas alas definindo um eixo N. / S.: o quadrado é composto pela igreja de planta transversal, com eixo longitudinal interno, capela-mor mais estreita e baixa, ladeada pela sacristia a E. e a sala da confraria a O., os coros baixo, com três naves de quatro tramos, e alto, de nave única e quatro tramos, volumes aos quais se adossa o claustro de planta quadrangular, com alas de quatro tramos; perpendicularmente aos coros, desenvolve-se a portaria, de onde se prolonga, para N., a ala dos dormitórios; o eixo S., no enfiamento da igreja, é definido pelo edifício da hospedaria. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com os elementos estruturais pintados de amarelo, percorridas por embasamento pintado da mesma tonalidade. IGREJA com a fachada principal virada a E., de dois andares marcados por friso e remate em platibanda, tendo, no volume da nave, a marcação das seis pilastras da ordem colossal romana, firmadas por pináculos de bola, que marcam exteriormente os cinco tramos da nave, os dois intermédios de menores dimensões e todos rasgados por janelas rectangulares em capialço com moldura de cantaria; no registo inferior, portal de verga recta, ladeado por triplas pilastras toscanas que sustentam entablamento com friso marcado por triglifos, encimado por tabela rectangular decorada por escudo português sustentado por dois anjos e flanqueada por pilastras jónicas e aletas volutadas, tendo, no remate, frontão de lanços com cruz no centro; o volume da cabeceira é escalonado, sendo visível o corpo da capela-mor, igualmente com cinco pilastras firmadas por pináculos, marcando quatro tramos exteriores, também rasgados por janelas quadrangulares em capialço e molduradas, com correspondência nos vãos, de estrutura simples, e estruturas arquitectónicas que marcam o corpo mais baixo da sacristia. O corpo dos coros, no enfiamento das naves e com remate em platibanda, é mais simples, só marcado pelos vãos das janelas, também em capialço, seis no andar inferior e cinco no superior. As demais fachadas encontram-se adossadas à hospedaria, claustro e dependências conventuais, sendo, no entanto visível a fachada O., rasgada por janelas semelhantes às anteriores e, a S., a empena do cruzeiro, encimada por cruz e rasgada por três janelas de disposição simétrica, com moldura comum e formando arco abatido. Deste lado S., surge um volume de três andares, com acesso pela sacristia, o inferior marcado por friso, composto por duas janelas em cada um, as do andar intermédio de sacada, protegida por grade metálica. No INTERIOR, a nave encontra-se dividida por teia balaustrada de madeira que percorre todo o perímetro e protege as estruturas retabulares, demarcando, no centro, a zona destinada aos fiéis; possui cobertura em abóbada de berço com arcos torais que descarregam sobre pilastras da ordem colossal romana, assente em friso e cornija, alteada no centro da parede fundeira; cada tramo divide-se em 22 caixotões. A parede fundeira é marcada por um eixo vertical composto pela grade do coro-baixo, pinturas murais representando anjos com turíbulos, uma tela a óleo representando "Santa Clara pondo em fuga a soldadesca", a grade do coro-alto e o retábulo do Santíssimo, com dupla face gémea para a nave e para o coro-alto; a ladear a grade do coro-baixo, dois retábulos dedicados a Gregório IX, no Evangelho, e a Santa Isabel, na Epístola, ambos encimados por duas telas a representar os Doutores da Igreja, e duas portas de verga recta de acesso ao coro. Na parede do lado do Evangelho, surgem quatro retábulos de talha dourada, dedicados a Santa Catarina de Bolonha, São Bartolomeu, São Pedro e Nossa Senhora da Conceição; sobre o portal, um painel representando a "Aparição de Santo António a Santa Teresa", enquadrado por estrutura de talha dourada decorada por acantos. Na parede da Epístola, cinco estruturas retabulares de talha dourada dedicadas a São João Capristano, São Luís de Tolosa, Rainha Santa, Santo António e São Francisco. Na pilastra do segundo tramo, o púlpito quadrangular com bacia em cantaria e guarda torneada de pau preto, em branco, e possui baldaquino piramidal encimado por anjo de vulto. Os retábulos colaterais, em talha dourada e dedicados a São João Baptista e São João Evangelista, encimados por duas telas representando Doutores da Igreja, ladeiam o arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas sobre altos plintos. Esta parede remata em tímpano de volta perfeita, acompanhando o perfil da cobertura, onde se rasgam três janelas com vitral, as quais se repercutem na parede frontal, a fundeira, onde aparecem apainelados com o mesmo perfil dos vãos; sob estes, tela representando a Virgem. A capela-mor, protegida por teia plena e portas centrais de madeira em branco torneada, tem cobertura em abóbada de berço em caixotões pintados com grotescos, com folhas de acanto, flores e cartelas, temática que se prolonga nas molduras das janelas e pilastras; as paredes laterais ostentam seis telas com molduras de talha dourada, sustentadas por anjos lampadários e encimadas por anjo com escudo português, representando, no lado do Evangelho, "Santa Isabel a tomar o hábito", "São Francisco dá a regra a Santa Clara", "Morte da Rainha Santa", e, na Epístola, "Trasladação das relíquias", "São Francisco recebe o privilégio do Jubileu da Porciúncula" e "D. Pedro II a beijar a mão da Rainha Santa"; sob quatro destas telas, a representação dos quatro Evangelistas. Nestas paredes, rasgam-se duas portas de verga recta, de acesso à sacristia (Evangelho) e à sala da Confraria (Epístola). Sobre supedâneo de cinco degraus centrais, com as zonas laterais protegidas por teia de madeira, surge o retábulo-mor de talha dourada e com o corpo em planta côncava, com seis colunas com fuste torso e terço inferior decorado com motivos fitomórficos, assentes em mísulas, e quatro pilastras, que se prolongam em cinco arquivoltas formando o ático, onde aparece um escudo português; ampla tribuna semicircular com trono de cinco degraus e, na base deste, o túmulo da Rainha Santa entre pilastras e com face apainelada, contendo o túmulo de prata e cristal; no centro do banco, acesso à tribuna por duas escadas laterais. Sobre a ara de altar, paralelepipédica, a imagem de vulto da Rainha. CORO-BAIXO com acesso pela nave, alas E. e N. do claustro, esta última acedendo a um ante-coro, com três naves e quatro tramos definidos por pilares de perfil quadrangular robustos, com paredes rebocadas e pintadas de branco, coberturas em abóbadas de aresta, estas e os pilares profusamente decorados com pinturas murais de concheados, acantos, vasos floridos e ramos de rosas, e pavimento marcado, no lado Evangelho, por sepulturas cobertas por tampas epigrafadas. Na parede fundeira, a ladear a porta de acesso, de verga recta, quatro estruturas retabulares de talha dourada, dedicados ao Menino Jesus e Cristo (Evangelho) e São João Baptista e Nossa Senhora da Nazaré (Epístola); sobre a porta, um Calvário com a paisagem e as imagens da Virgem e São João Evangelista em pintura mural e um Crucificado de vulto. Na parede testeira, a envolver a zona da grade, que forma vão de volta perfeita, dois tipos de pinturas murais, correspondendo a duas intervenções distintas, uma com flores coloridas, mais antigo, e outra com acantos enrolados pintados a dourado. O vão é ladeado por dois retábulos de talha dourada, dedicados a Santo António (Evangelho) e Santa Isabel (Epístola). Neste espaço coral, surgem, ainda quatro painéis de pinturas murais com a representação da "Natividade", "Nascimento da Virgem", "Cristo no Horto" e São Miguel, bem como dois retábulos de talha dourada e policromada, um deles dedicado à Pietà. No centro, o túmulo gótico da Rainha, policromado e composto por arca com jacente, surgindo nas quatro faces edículas, onde se inscrevem o "Calvário", Deus Pai, Virgem com o Menino, Santa Clara, Santa Isabel, Santa Catarina, Cristo, doze Apóstolos, São Francisco, São Luís Tolosa, e cortejo de clarissas; a jacente é protegida por baldaquino, tendo, no extradorso, uma anjo a segurar uma criança, representando a Alma, representando a figura da Rainha, coroada, com o hábito das clarissas, tendo bordão e bolsa com vieira, simbolizando a sua peregrinação a Santiago de Compostela, sendo rodeada por cães de regaço e vários escudos de Portugal e Aragão. Junto ao túmulo, órgão de tubos com a caixa lacada de vermelho com apontamentos dourados. CORO-ALTO de nave única e quatro tramos, antecedido de ante-coro, encontrando-se revestido a azulejo, constituindo reaproveitamentos de vários painéis, aparecendo azulejo de padrão polícromo, figura avulsa, painéis e alguns hispano-mouriscos, com cobertura em abóbada de berço com pilastras e remates em friso e cornija. Na parede fundeira, a ladear o portal de verga recta, encimado por estrutura em talha, reaproveitamento de um antigo retábulo, dois retábulos de talha dourada inseridos em vãos de volta perfeita com pilastras pintadas com marmoreados e motivos fitomórficos, dedicados a São João Baptista (Evangelho) e Nossa Senhora da Encarnação (Epístola). Confrontantes, maquineta em talha policromada com a Senhora da Piedade e Senhora da Boa Morte, surgindo, adossados às paredes, os retábulos dedicados à Sagrada Família, São Joaquim e Santa Ana, São João Evangelista e Senhor dos Passos. Na parede testeira, a ladear a zona da grade, com vão em arco abatido, duas estruturas retabulares dedicadas ao Calvário (Evangelho) - este envolto por azulejos azuis e brancos, onde surgem dois anjos com símbolos do martírio de Cristo e a abreviatura "IHS" (Jesus) -, e São Paulo (Epístola); sobre a grade, tribuna do retábulo do Santíssimo, assente em nove mísulas, com guarda metálica e duas portas de acesso, em verga recta, com estrutura semelhante à face que liga à nave, encontrando-se envolvida por pintura mural a representar um coro de anjos músicos, anjos tenentes e outros com incensórios; sobre esta, surge uma imitação pintada sobre estuque de embutidos de mármore, que se prolongam em parte das paredes laterais, que decora a cornija, alteada na zona central. No centro, encontra-se o cadeiral de 78 cadeiras, dispostas em duas fiadas de 38 e duas no topo, de madeira em branco, com espaldar dividido em painéis pintados circunscritos por pilastras, marcadas por vasos floridos, tendo cenas da vida de São Francisco e de Santa Clara, santos franciscanos e clarissas; no extradorso, possui parede de apoio de alvenaria e madeira, pintadas em apainelados divididos por almofadado fingido, tendo cartelas envoltas por ferronerie, acantos e cenas de género, paisagens e anjos. No lado do Evangelho, órgão de tubos de madeira lacada de vermelho e apontamentos dourados. MOSTEIRO: de planta rectangular, desenvolvida em dois pisos, além da cave e de um terceiro piso existente nos torreões, tem volumetria horizontal e cobertura em telhado. Este corpo, muito extenso, é enquadrado por torreões, num dos quais se ergue o mirante, junto ao qual aparece campanário com três sineiras. Fachadas com embasamento saliente e de panos rebocados sobre os quais se abrem vãos a ritmo regular; aqui destacam-se os janelões que iluminam os corredores que percorrem as alas, estes de pavimentos lajeados e com coberturas em abóbadas de berço; possui três escadas, voltadas para O., duas nas extremidades e uma no meio do corpo saliente. CLAUSTRO quadrangular, com quatro alas de sete tramos, de dois andares, o inferior composto por arcadas de volta perfeita assentes em fortes pilares quadrangulares com pilastras adossadas, enquadradas por moldura rectilínea, com friso, cornija e, superiormente, seis janelas de sacada de verga recta, intercaladas com nichos envoltos por colunas jónicas e rematados em frontão triangular, encimado por pináculo de bola. Remate em balaustrada. Os ângulos da quadra encontram-se arredondados, no piso inferior, pela colocação de quatro fontes semelhantes, simbolizando os quatro rios, compostas por nicho de volta perfeita e tanque semicircular, decorado com golfinhos e, no superior, por emblemas alusivos à Rainha; no centro, 8 canteiros sobrelevados relativamente às alas que convergem para o centro, onde se ergue uma coluna encimada pela imagem de Nossa Senhora da Conceição. No lado N., o refeitório com ante-sala onde surgem dois lavabos de cantaria e, na extremidade oposta a cozinha; tem cobertura em abóbada de berço, assente em pilastras que se prolongam em arcos torais, definindo tramos; ambas as salas possuem azulejo padrão de três albarradas a azul e branco, formando silhar. O refeitório mantém os bancos de pedra adossados à parede e a tribuna de leitura. Sobre este, o espaço que serviu de primeira igreja durante a construção do convento. Em frente ao refeitório, a cisterna sustentada por quatro pilares e com cobertura em abóbada.

Descrição Complementar
TALHA: NAVE: Retábulo do Santíssimo com dupla face para a nave e coro-alto, ambas compostas por tabernáculo sustentado por dois anjos e composto por quatro colunas com mísulas e remates da porta e estrutura em frontões de lanços; uma porta na zona inferior e pequeno frontal e ilhargas com portas pintadas. Os retábulos laterais e colaterais são todos semelhantes, inseridos em vãos de volta perfeita, de talha dourada e planta recta e um eixo composto por colunas de fuste torso, decorados com pâmpanos, putti e aves, e capitéis coríntios, enquadrando um baixo-relevo central representando cenas alusivas ao orago, tendo remate em entablamento, tabela com relevo e envolvida por acantos, volutas e querubins. Os relevos representam, partindo da parede fundeira do Evangelho: o "Papa Gregório IX a visitar o cadáver de São Francisco", Nossa Senhora da Conceição, "São Pedro a receber as chaves", "Stella Coeli", "Santa Catarina a receber o hábito do Papa", "Baptismo de Cristo" e na tabela um "Agnus Dei", "São João Evangelista dá a comunhão a Nossa Senhora", tendo na tabela a águia, "São Francisco a receber as chagas", "Santo António a receber o Menino", "Santa Isabel dá rosas aos canteiros", tendo na tabela um ramo de flores, "São Luís de Tolosa livra D. Dinis de um javali", "São João Capristano recebe o cálice", tendo na tabela um ramo de flores e o "Milagre das rosas" com o escudo da rainha na tabela. Na SACRISTIA, uma edícula de talha dourada com o Crucificado, encimada por frontão. CORO-BAIXO: Retábulo do Menino Jesus é de talha dourada e planta recta composta por três eixos divididos por quatro colunas coríntias com o terço inferior decorado por querubins e acantos, tendo no central glória de anjos em baixo-relevo e a imagem de roca de São Francisco; nos eixos laterais, quatro tábuas, representando "Descanso na fuga para o Egipto", Santa Clara, "São Domingos a receber o rosário" e Santa Teresa de Ávila; remate em tabela rectangular vertical, actualmente vazia, com aletas compostas por cachos de uvas e aves, surgindo, superiormente, dois anjos a sustentar um coroa imperial sobre a abreviatura "IHS". Retábulo dedicado a Cristo é de talha dourada e planta recta, de três eixos, os laterais circunscritos por colunas-balaústre, tendo, no painel central, a representação pictórica da "Lamentação de Cristo morto", surgindo, nos laterais, as pinturas de David e Zacarias (Evangelho) e Jeremias e Isaías (Epístola), devidamente identificados por legenda; superiormente, friso com três querubins e acantos, encimado por tímpano semicircular que se adaptaria a uma estrutura arquitectónica com decoração acantiforme; a ladear o altar, dois painéis pintados com a "Samaritana" e a "Ressurreição de Lázaro". Retábulo de São João Baptista insere-se em nicho de volta perfeita, de talha dourada e planta recta, de três eixos divididos por quatro colunas coríntias, com o terço inferior do fuste decorado com pendurados, assentes em consolas; no centro, painel pintado a representar a "Pregação de São João Baptista" e, espalhados pelos eixos laterais, tabela, predela e entablamento, dez cenas da vida do orago. Retábulo da Senhora da Nazaré é de talha dourada e planta recta, de três eixos definidos por quatro colunas torsas assentes em consolas, onde surgem três mísulas com as imagens do orago, ao centro, Santa Ana (Evangelho) e Santa Teresa de Jesus (Epístola); sobre friso de querubins e acantos, tabela rectangular flanqueada por quarteirões e aletas de acantos, onde surge a representação pictórica da "Coroação da Virgem", e remate com anjos segurando grinalda. Retábulo de Santo António é de talha dourada, de planta recta e três eixos definidos por colunas espiraladas assentes em consolas, onde aparecem mísulas com o orago (central) e Evangelistas (de difícil identificação, pois perderam os atributos); ático decorado com acantos, plumas, anjos e emblema central com a acuçena, símbolo do orago; nas bases dos eixos laterais, duas estruturas arquitectónicas com motivos floridos e, sobre o altar, sacrário contemporâneo. Retábulo da Rainha Santa de talha dourada, com imagem de roca do orago e, na tabela, a "Conversão de São Paulo". Retábulo dedicado à Pietà de talha policromada, de planta recta e um eixo circunscrito por pilastras sobre plintos altos e cornija no remate, encerrando dois painéis a representar a "Pietà" e Santo António; o frontal é pintado, a imitar brocado, de pano tripartido e com sanefa franjada. No lado da Epístola, surge, ainda, uma estrutura retabular de talha dourada com pianel central ladeado por quatro colunas torsas e remate em tabela vertical, envolvida por decoração fitomórfica. O órgão apresenta caixa simétrica com castelo central rectilíneo e dois nichos laterais, divididos por pilastras, o primeiro com flautas pintadas a representar o escudo português e os três com gelosias vazadas de decoração fitomórfica; remate em frontão de lanços com acantos; as ilhargas são apaineladas com grelhas douradas de motivos fitomórficos; na base da caixa, surgem os flautados de palheta, em leque e a consola em janela, ladeada pelos botões dos registos e por portas de acesso ao interior; possui uma inscrição (nº. 11). CORO-ALTO: Sobre a porta de acesso, o reaproveitamento de uma estrutura retabular, dedicada a São Bernardino de Sena, de talha dourada e planta recta e um eixo circunscrito por colunas coríntias com o terço inferior decorado com elementos vegetalistas, assentes em plintos e mísulas que ladeiam a predela; lateralmente, painéis pintados ladeados por pilastras, encimado por dois meios-painéis com anjos e, no remate, frontão de lanços; no painel central, a representação de "São Bernardino a receber o cálice místico", duas virgens lateralmente e cenas franciscanas; na predela, a "Última ceia", Santo Antão e São Paulo eremita. Retábulo de São João Baptista de talha dourada, planta recta e três eixos divididos por colunas com fuste fitomórfico, as exteriores com o terço inferior decorado por cabeças de anjo, com capitéis coríntios, que definem nicho central com a imagem de roca de Nossa Senhora dos Remédios e três painéis na predela, quatro nos intercolúnios e um na tabela horizontal, contando a vida do orago desde a "Anunciação de Zacarias" à "Degolação". Retábulo de Nossa Senhora da Encarnação insere-se em nicho de volta perfeita decorado com motivos fitomórficos e anjos em pinturas murais, de talha dourada que se prolonga pelas ilhargas, de planta recta e um eixo com quatro colunas torsas, as exteriores prolongando-se em arquivolta que envolve a tabela, onde surge a representação do "Calvário", tendo, no painel central a "Anunciação" e duas pinturas laterais, surgindo mais duas em cada ilharga e três na predela, contando episódios da vida de Cristo. Retábulo do Calvário de talha dourada e planta recta e um eixo compondo painel com fundo pintado a imitar tecido, onde surge o Crucificado, flanqueado por quatro colunas torsas que se prolongam em arquivolta formando o ático; a ladear o orago, as imagens de roca de Nossa Senhora e São João Evangelista; na base, tem pintada uma inscrição (n.º15). Retábulo de São Paulo de talha dourada, planta recta e três eixos definidos por dua scolunas e duas pilastras, tendo nicho central semicircular, quatro painéis laterais ("Circunscisão", Virgem com o Menino, "Nascimento da Virgem" e "Descanso na fuga para o Egipto") e predela com três pinturas; superiormente, tímpano e tabela com relevo e dois medalhões pintados; altar paralelepipédico e ilhargas apaineladas; tem a reprodução da "Virgem das Cerejas" de Federico Barocci. Retábulo da Rainha Santa de talha dourada, com colunas coríntias com o terço inferior marcado por folhagem, tendo, no painel central, a "Rainha a distribuir rosas aos canteiros" e dois painéis com milagres do orago, surgindo, ainda, duas mísulas vazias. Retábulo da Sagrada Família de talha dourada, planta recta e três eixos divididos por colunas torsas com anjos e capitéis coríntios, as exteriores sobre plintos marmoreados, tendo, em cada um, uma mísula com imaginária (Menino, Virgem e São José), protegida por baldaquino e cortinas abertas; remate em friso de acantos e tabela rectangular horizontal flanqueada por pilastras e aletas decoradas por acantos e aves, tendo a representação de Deus Pai; superiormente, emblema com o Sagrado Coração. Retábulo de Santa Ana com colunas torsas com espira de rosas e remate com pintura reproduzindo a "Virgem da cadeirinha", de Rafael; nichos com sanefas e cortinas, contendo as imagens de Santa Ana, São Joaquim e a Virgem. Retábulo de São João Evangelista com colunas torsas, tabela com aletas volutadas e comportando três tábuas do séc. 16. Retábulo do Senhor dos Passos com duas estípides que terminam superiormente em volutas e remate em frontão de lanços com a Santa Face representada; no painel central, a tela com o orago. Órgão com caixa simétrica de três castelos e dois nichos escalonados e divididos por pilastras encimadas por fogaréus sobre a cornija, o central com as flautas em ângulo, encimado por anjo e, nos laterais, dois pequenos anjos; as gelosias apresentam decoração de acantos; na base da caixa, flautados de palheta e a consola em janela ladeada pelos botões dos registos, e, lateralmente, duas portas decoradas com apainelado; ilhargas com flautados e decoração em gelosias; sobre a consola tem pintada uma inscrição (n.º 14). No ante-coro, maquineta envidraçada com as imagens de roca de Jesus, Maria e José. AZULEJO: IGREJA: CORO ALTO: revestimento de azulejos de padrão, azul e amarelo, seiscentistas, provenientes da antiga igreja. Na parte superior da parede fundeira, composição de azulejos de figura avulsa na qual se integram dois anjos ladeando cartela; monocromia: azul de cobalto em fundo branco; produção de Coimbra.. Na parte inferior, ladeando o portal, dois círculos formados por azulejos hispano-árabes, inseridos em revestimento de azulejo de padrão, azul e amarelo; lacunas preenchidas com azulejos de figura avulsa, de Coimbra e alguns azulejos de figura avulsa holandeses, representando paisagens e um cavaleiro. CONVENTO: REFEITÓRIO: azulejos de composição ornamental seriada, formando silhares, colocados por cima de bancos de pedra corridos; 13 azulejos de altura; motivo: albarradas - jarras de flores ladeadas por papagaios; barra: motivos ornamentais; monocromia: azul de cobalto em fundo branco; fabrico de Coimbra. SALA DOS LAVABOS (contígua ao refeitório) silhares com motivos de albarrada, iguais aos do refeitório; num dos lavabos, revestimento de azulejos seiscentistas, de padrão, azul e amarelo, colocados de modo desemparelhado, em aproveitamento posterior. SALA SE REFEIÇÕES DOS OFICIAIS (piso 2, ala norte, claustro): na chaminé e paredes revestimento de azulejos e frisos desemparelhados, de padrão; monocromia: azul de cobalto em fundo branco; séc. 18. TORREÃO (actual sala de ginástica): en nicho na parede, azulejos de figura avulsa, monocromia: azul de cobalto em fundo branco; produção de Coimbra. EPIGRAFIA: IGREJA : CORO-BAIXO: 1. Inscrição comemorativa de uma obra de beneficiação pintada, a preto, no ábaco do 2º pilar da nave lateral, do lado da Epístola. Calcário. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada: ESTE RETÁBULO MANDO(sic) FAZER A MADRE DONA MARIANA VELASQUES NO ANO DE 1740. O retábulo não se encontra neste local, a não ser que a obra se refira aos cinco quadros que preenchem hoje o arco toral do dito pilar. As inscrições nº. 2 a 10 localizam-se no pavimento da nave lateral, do lado do Evangelho e foram numeradas com algarismos árabes, em finais do séc. 17 princípios do séc.18 para orientar a abertura rotativa das sepulturas. 2. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura proveniente do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha. A tampa é dividida em duas partes tendo na primeira, em relevo, um brasão de armas com coroa (65,5x45,5). Descrição Heráldica: escudo partido: no I escudo com armas de Portugal delidas; no II quatro palas - armas de Aragão; na segunda parte o campo epigráfico rectangular encontra-se em ressalto e com os cantos inferiores cortados em segmento de círculo. Moldura tripla filetada, sendo a do meio esculpida em forma de cordão franciscano; o número 16 foi gravado no final do campo epigráfico. Calcário. Superfície epigrafada muito erodida. Dimensões: 176x83; moldura: 12,5; campo epigráfico: 70,5x 52. Tipo de Letra: capital quadrada. Leitura modernizada e reconstituída: AQUI JAZ A MADRE DONA MARIA DA CUNHA FOI ABADESSA DUAS VEZES VIVEU 121 ANO(sic) FALECEU A 17 DE NOVEMBRO DA ERA DE(sic). 3. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura, proveniente do Mosteiro de Santa Clara- a Velha, num campo epigráfico é em ressalto; a moldura é quádrupla escalonada, delimitada por sulcos, sendo a interior esculpida em forma de cordão franciscano; o número 15 foi gravado no final do campo epigráfico. Calcário. Encontra-se partida em três partes. Superfície epigrafada muito erodida. Dimensões:totais:167,5x86; campo epigráfico: 126,5x44,5; moldura: 22. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada e reconstituída: AQUI ESTA SEPULTADA A MADRE DONA INÊS DE NORONHA FOI ABADESSA NESTE CONVENTO MORREU NA ERA DE 1631. 4. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura, proveniente do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha; o campo epigráfico é em ressalto; a moldura é tripla escalonada, delimitada por sulcos, sendo a interior esculpida em forma de cordão franciscano; o número 14 foi gravado no final do campo epigráfico. Calcário. Superfície epigrafada muito erodida. Dimensões: totais:187x93; moldura: 15; campo epigráfico: 157,5x62,5. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada e reconstituída: AQUI JAZ SOROR INOCÊNCIA DE JESUS [...] NESTE MOSTEIRO DE SANTA CRACRA(=CLARA) NO QUAL ENTROU DE ANO E MEIO E FALECEU SENDO DE SETENTA E TRÊS ANOS ÚLTIMO ANO DE SEU ABADESSADO A DEZANOVE DE NOVEMBRO NA ERA DE MIL E SENTOS( sic) E VINTE A(sic) E NOVE ANOS - através da investigação documental conseguimos completar o ano da morte desta abadessa: 1629; 5. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura, proveniente do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha; o campo epigráfico é em ressalto e tripartido com dois terços inferiores emoldurados; a moldura é quádrupla escalonada, delimitada por sulcos, sendo a interior esculpida em forma de cordão franciscano; o número 13 foi gravado no último terço inferior. Calcário. Encontra-se fracturada ao meio cortando a última linha do texto gravado. Dimensões:totais: 174x91,5; moldura: 18; campo epigráfico: 50,5x 56,2. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada: JAZ AQUI SOROR ARCANGELA DAS CHAGAS SERVA DOS SERVOS DE DEUS FALECEU NO ANO DO SENHOR DE 1634 AOS 30 DIAS DE ABRIL. 6. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura, proveniente do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha; o campo epigráfico é em ressalto e tripartido com dois terços inferiores emoldurados; a moldura é quádrupla escalonada, delimitada por sulcos, sendo a interior esculpida em forma de cordão franciscano; o número 12 foi gravado no segundo terço. Calcário. Dimensões: totais:184x83,5; moldura:15,5; campo epigráfico: 60x 47,3. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada: SEPULTURA DA MADRE SOROR ISABEL DA RAINHA SANTA MORREU SENDO ABADESSA A 21 DE FEVEREIRO DE 1637. 7. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura, é provável ser proveniente do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, o campo epigráfico é em ressalto e tripartido o terço superior inscrito e os dois terços inferiores emoldurados; a moldura é quádrupla escalonada, delimitada por sulcos, sendo a interior esculpida em forma de cordão franciscano; o número 11 foi gravado no segundo terço. Calcário. Superfície epigrafada muito erodida. Dimensões: totais:169x83; moldura:14; campo epigráfico: 73x 50,5. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada e reconstituída: AQUI JAZ A MADRE DONA ANA DE TÁVORA(?) FREIRA RODEIRA(?) NESTE CONVENTO EM QUE ENTROU DE IDADE DE DOZE ANOS FALECEU DE SESSENTA A 6(?) DE JANEIRO DE [...]8. 8. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura; o campo epigráfico é em ressalto; a moldura é tripla escalonada, delimitada por sulcos; o número 10 foi gravado no canto superior direito do campo epigráfico. Calcário. Superfície epigrafada muito erodida nas três primeiras linhas. Dimensões: totais: 197x83; moldura:18,5; campo epigráfico: 161x 83. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada e reconstituída: SEPULTURA DA MADRE DONA MADALENA DE MENDONÇA FOI ABADESSA NO TEMPO EM QUE AS RELIGIOSAS VIRAM A RAINHA SANTA VEIO PARA ESTE MOSTEIRO DE 6 ANOS FALECEU DE 63 A 20 DE JANEIRO DE 1701. 9. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura; a moldura é filetada por sulco; o número 7 foi gravado no canto superior direito do campo epigráfico. Calcário. Erodida no final das últimas quatro linhas. Dimensões: totais: 200x83,5; moldura:12; campo epigráfico: 177,5x 59. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada: SEPULTURA DA MADRE DONA FILIPA DA SILVA PRIMEIRA ABADESSA QUE FOI NESTE CONVENTO NOVO E MORREU DE NOVENTA ANOS EM 13 DE MAIO DE 1703 ANOS. 10. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura; o campo epigráfico é em ressalto; a moldura é tripla escalonada, delimitada por sulcos; o número 2 foi gravado ao centro, no início do texto. Calcário. Na 9ª linha há uma pequena mossa. Dimensões: totais: 185x84; moldura:13,5; campo epigráfico: 147x48. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura moderrnizada: SEPULTURA DA MADRE DONA JOANA DE MENEZES FOI ABADESSA NESTE CONVENTO FALECEU A 30 DE NOVEMBRO DE 1744; 10. (CRSI 32) Inscrição funerária pintada, a preto, na tampa de sarcófago. Calcário. Dimensões: campo epigráfico (1): 23,5x136,5; (2): 22,5x290; (3): 23x137,5; (4): 22,5x292,5. Tipo de Letra: capital quadrada. Leitura: ELISABELA IACET SACRO HOC REGINA SEPVLCHRO QVE MERITIS NITIDIF VLGET IN ARCE POLI NEMPE ITA DVM VIXIT CECO SE GESIT IN ORBE VIRTVTE VD MORVM VIXERIT OMNE GENVS QVO FIT VT A SVMO DIVA HEC SELECTA TONANTE REGNET ET ANGELICO NOS IVVET VSQVE CHORO FOI PINTADA NA ERA DE 1782 ; 11. (CRSI 29) Inscrição pintada, a dourado, em órgão do séc. 18. Madeira. Dimensões: campo epigráfico: 10,5x269. Tipo de Letra: capital quadrada. Leitura modernizada: ESTE ÓRGÃO MANDOU FAZER A SENHORA DONA MARIANA FERRAZ DA PURIFICAÇÃO SENDO PRESIDENTE NO ANO DE 1745. 12. Inscrição comemorativa de uma obra de beneficiação pintada, a dourado, no arco que encima a grade do coro-baixo. Estuque. Tipo de Letra: capital quadrada. Leitura modernizada: ESTE CORO MANDOU PINTAR A ILUSTRISSIMA EXCELENTISSIMA SENHORA DONA ANA MÁXIMA DE LANCASTRE EM 1782 NO SEU 6 ANO DE ABADESSA. CORO-ALTO: 13. (CRSI 30 )Inscrição comemorativa de uma obra de beneficiação pintada a dourado, num órgão. Madeira. Dimensões: campo epigráfico: 245,5x12,5/13,2. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada: ESTE ÓRGÃO MANDOU FAZER A SENHORA DONA MARIANA FERRAZ DA PURIFICAÇÃO SENDO ABADESSA NO ANO DE 1749 PARA O SANTÍSSIMO SACRAMENTO. 14. (CRSI 12) Inscrição comemorativa de uma obra de beneficiação e de subscrição da mesma, pintada a dourado, sendo a data delimitada a negro para melhor visualização, na base do retábulo do Calvário, em três campos epigráficos. Madeira. Dimensões: campo epigráfico: 1: lado esquerdo: 58,9x5,6; 2: lado direito: 6,3x60,5; 3: 5,8x17,2. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada: ESTA OBRA FEZ MATEUS NUNES DE OLIVEIRA PINTOR DA CIDADE DO PORTO. ESTA OBRA MANDOU FAZER DONA ANTÓNIA DE MENDONÇA ANO DE 1707. SACRISTIA:15. Inscrição latina gravada no frontispício de um lavabo de pedra. EXTERIOR: 16. Inscrição consagrada a Jesus Cristo gravada na verga da porta da capela, situada no extremo N. do dormitório, entre uma cruz e um dos símbolos da Paixão de Cristo: 3 cravos. Calcário. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada: JESUS 1677.

Utilização Inicial
Religiosa: mosteiro de clarissas

Utilização Actual
Religiosa: igreja / Cultural: museu / Militar: quartel

Propriedade
Pública: estatal

Afectação
Ministério da Defesa Nacional

Época Construção
Séc. 17 / 18 / 19 / 20

Arquitecto | Construtor | Autor
ARQUITECTOS: JoãoTurriano, Mateus do Couto, Manuel do Couto, Custódio Vieira, Carlos Mardel, Guilherme Elsden, Manuel Alves Macomboa. CANTEIRO: mestre Pero; DOURADORES: Manuel da Silva, Gabriel Ferreira, António Vidal. ENTALHADORES: Domingos Lopes e Manuel Moreira. MESTRES IMAGINÁRIOS: António Gomes, Domingos Nunes. MESTRES DE OBRAS: Domingos de Freitas, Pedro de Freitas, Francisco Rodrigues, Manuel Rodrigues Velozo, Manuel Sugeciro; MESTRES PEDREIROS: Manuel Caldeira, Gaspar Ferreira. ORGANEIROS: D. Manuel Benito Gomes (atr.), D. Teodósio Hemberg. Pintores: Mateus Nunes de Oliveira, Pascoal Parente e Vincenzo Bacherelli (atr.). / ARQUITECTO: Luís Benavente (Séc. 20); ESCULTOR: Álvaro de Brée (séc. 20)

Cronologia
Séc. 14, 1ª metade - construção do primitivo Mosteiro de Santa Clara, em Coimbra - hoje conhecido por Santa Clara-a-Velha - e instalação da comunidade religiosa feminina; 1647 - ameaçado continuamente pelas inundações do rio Mondego, as freiras clarissas pedem ao rei D. João IV para se mudar o convento para local mais propício; 2 Julho - fundação da Confraria da Rainha Santa Isabel; 12 Dezembro - alvará de D. João IV ordenando a construção do novo convento no monte da Esperança, junto à ermida de Nossa Senhora da Esperança: o monarca incumbe ainda o Conde de Cantanhede, Domingos Antunes de Portugal, de proceder à fiscalização da obra custeada pela Coroa; 1648, 4 Novembro - frei João Turriano, monge beneditino e engenheiro-mor do reino, é encarregado de elaborar a traça do novo convento segundo orientações régias explícitas: a capela-mor deveria ser sumptuosa, pois poderia vir a albergar sepulturas de reis, bem como se previa a construção de um edifício anexo, comunicante com as dependências conventuais, destinado aos membros da família real; 1649 - inicia-se a construção do convento, começando-se, por razões prioritárias, pelos dormitórios necessários à instalação urgente das freiras: a 14 de Março, o mestre Domingos de Freitas arremata a obra e a 3 Julho ocorre a cerimónia do lançamento da 1ª pedra, presidida por D. Manuel de Saldanha, reitor da Universidade e Bispo de Viseu, e com missa e alocução feita pelo Pe. Bento de Sequeira, reitor do Colégio da Companhia de Jesus de Coimbra; certos autores fazem alusão a uma inscrição comemorativa do evento hoje desaparecida; 1650 - contrato com o mestre Domingos de Freitas para transportar água ao cenóbio, com planta dada por Turriano; 1655 - morte do mestre Domingos de Freitas, sendo substituído pelo seu irmão Pedro de Freitas; 2 Outubro - aprovação dos estatutos da Confraria da Rainha Santa Isabel; 1663, 17 Junho - os mestres de Coimbra Francisco Rodrigues e Manuel Rodrigues Velozo arrematam a obra; 1669 - pedido do príncipe D. Pedro, regente do reino, para acelarar as obras do convento levadas a cabo por Mateus do Couto; 1670, Maio - medição de Mateus do Couto, referindo-se a existência de encanamento, lajedo, portais e janelas do dormitório, púlpito e portal do refeitório; 1677 - estão concluídas as obras do dormitório, da cozinha e do refeitório e iniciadas as da igreja: as freiras mudam-se para as novas instalações; 29 Outubro - cerimónia de trasladação do corpo e túmulo da Rainha Santa (executado em 22 Dezembro de 1327, pelo Mestre Pero), do tumúlo da infanta D. Isabel (filha de D. Afonso IV), de lajes sepulcrais de antigas abadessas e de estruturas retabulares do antigo para o novo convento; instala-se provisoriamente a igreja numa grande sala localizada na ala do refeitório; 1681, 27 Maio - viviam no convento 80 religiosas e 4 educandas, mas o livro das patentes refere que o convento só pode sustentar 70 religiosas ( IANTT: OFM Prov. de Portugal, Santa Clara de Coimbra, Livro I); 1684 - medição do portal da igreja por Mateus do Couto; 1685, 16 Abril - escritura de Manuel Sugeciro como mestre das obras do novo convento; 1688 - Mateus do Couto desloca-se a Coimbra para proceder à medição da obra feita, medindo já a igreja e a capela-mor: grande parte do templo, senão todo, está já levantado; 1691, 13 Outubro - nova medição de Mateus do Couto, permitindo admitir que a empreitada de construção do coro e hospedaria já se havia desencadeado, bem como se concluia a cerca; 1692 - avança o projecto decorativo da igreja: contrato com os mestres imaginários António Gomes e Domingos Nunes, moradores na R. das Flores, no Porto, para fazerem onze retábulos da igreja (nove laterais e dois colaterais); 1693 - quase concluído o retábulo-mor, do entalhador Domingos Lopes e com a colaboração de Manuel Moreira, as dimensões da capela-mor mostram-se insuficientes para acabar a montagem do retábulo-mor: a capela-mor sofre então alterações, sendo-lhe acrescentada mais cinco palmos; 1695, 16 Dezembro - conclusão das obras nos dormitórios, refeitório e torres miradouro; 1696, 18 Julho - reforma do refeitório que havia ruído; 26 Junho - sagrada a nova igreja a Santa Isabel Rainha de Portugal, faz-se nova trasladação do corpo da Rainha e o túmulo de pedra é colocado no coro-baixo, no lado da Epístola, assente sobre dois degraus de pedra; 3 Julho - o caixão de madeira onde foi depositado o corpo de Santa Isabel é inserido no túmulo de prata e cristal, mandado fazer entre 1612 - 1615 por D. Afonso de Castelo Branco, bispo de Coimbra, e colocado no altar-mor; Julho - sendo madre abadessa D. Madalena de Mendonça, a comunidade religiosa venerou em clandestinidade o corpo de Santa Isabel; obras de restauro das paredes do refeitório, que tinha ruído por erros de construção; Manuel do Couto passa a supervisionar as obras no mosteiro, herdando os cargos do tio depois da sua morte; séc. 17 - execução de pinturas murais no coro-baixo; séc. 18 - feitura de retábulos ou obras nos já existentes nos coros alto e baixo; execução das pinturas murais na capela-mor; 1701, 20 Janeiro - data do falecimento da madre D. Madalena de Mendonça, que jaz no coro-baixo; 1703, 13 Maio - morte da madre D. Filipa da Silva, abadessa sepultada no coro-baixo; 1704 - Manuel do Couto desenha o claustro e outras dependências do mosteiro; 1707 - a madre D. Antónia de Mendonça manda fazer o retábulo da Cruxificação, colocado no coro-alto, a Mateus Nunes de Oliveira, pintor portuense; 1709, 3 Abril - 1º auto de medição e de avaliação por Manuel do Couto, tendo as obras alcançado o pavimento do "sobreclaustro"; 1713, 1 Outubro - medições de Mateus do Couto dando conta da conclusão de duas alas do claustro; efectuavam-se reparações no refeitório; 1717, 5 Agosto - novas medições, que descrevem os trabalhos executados na terceira ala; 1722, 30 Setembro - contrato com os novos mestres pedreiros, Manuel Caldeira e Gaspar Ferreira, moradores em Coimbra; 1727 - douramento das molduras das telas da capela-mor por Manuel da Silva, por 340$000 rs, e do púlpito por Manuel Moreira; 1734 - ruína da ala do clausto do lado do olival; 1735, 6 Outubro - ordem para a Fazenda Real suportar a demolição, na sequência de um parecer de Custódio Vieira; 1737 - douramento das molduras das telas dos topos da nave por Gabriel Ferreira e António Vidal; 29 Março - opta-se pela demolição da ala do capítulo; 13 Abril - Custódio Vieira foi incumbido de ir a Coimbra para determinar a natureza dos trabalhos de consolidação; 30 Junho - executa a sua primeira certidão de medição relativa ao que tinha sido construído de acordo com o projecto de Manuel do Couto;1738, 22 Setembro - aprovado o novo projecto para o convento, procurando Custódio Vieira aproveitar o máximo do existente; séc. 18, meados - execução das telas do coro-alto, por Pascoal Parente, e das da capela-mor; 1740 - a madre D. Mariana Velasques manda fazer um retábulo para o coro-baixo; 1741, 9 Setembro - empreiteiros requerem auto de medição da ala S., executada segundo o novo projecto; este incluía: no primeiro piso, arredondamento dos quatro ângulos, onde se colocariam um tanque, sobrepujado por dois golfinhos, nichos e tabelas; fechamento das janelas que alternavam com os arcos; colocação em cada "nembo cego" de duas tabelas sobrepostas, com molduras muito salientes e baixela no centro, e um par de colunas dóricas isentas (num total de catorze em cada ala), com base, capitel, arquitrave, friso e cimalha da mesma ordem(mas sem as métopas e triglifos); no segundo piso, mantiveram-se as treze janelas de sacada, mas colocar-se-iam guardas em pedraria rendilhada; 1744, 24 Abril - morte de Custódio Vieira, escolhendo-se para dirigir as obras Carlos Mardel; 18 Novembro - primeira medição deste arquitecto, o qual introduziria as seguintes alterações: colocação de pequenos templetes enquadrando os nichos dos ângulos do claustro, de platibanda em balaustrada a condizer com as guardas das varandas, gárgulas e pináculos; invocando a possibilidade de desmoronamento das abóbadas do segundo piso, fechou vãos alternados, mas aproveitou o enchimento dos muros para rasgar nichos; 30 Novembro - data do falecimento da madre abadessa D. Joana de Menezes, sepultada no coro-baixo; 1745 - madre D. Mariana Ferraz da Purificação manda fazer o órgão de tubos, atribuído a D. Manuel Benito Gomes, para a liturgia solene, colocado no coro-baixo; 1746 - Carlos Mardel é encarregado de continuar a obra, procedendo a alterações no segundo piso: execução de novas guardas e pedestais para as janelas do claustro e aplicação das antigas na balaustrada do terraço do mesmo; execução das gárgulas e urnas sobre os frontões; feitura de um novo púlpito mais perto do coro; séc. 18, 2ª metade - pinturas murais do coro-baixo; 1747, 7 Maio - contrato com D. Teodósio Hemberg para executar um órgão de tubos para acompanhar as horas canónicas; 1748, 20 Julho - D. Teodósio Hemberg recebeu 800.000 réis pelo trabalho; 1749 - data pintada no referido órgão, existente no coro-baixo, a mando da abadessa D. Mariana Ferraz da Purificação; 1753 - incêndio no Cartório do convento; 1760 - Carlos Mardel dá por concluída a obra do claustro, tendo sido o mestre de obras Gaspar Ferreira; referência ao projecto de uma fonte para o centro da quadra; 1763 - morte de Carlos Mardel, sendo nomeado mestre de obras Guilherme Elsden; 1769 - auto de averiguação, concluindo-se que a obra da nova portaria estava "concluída e conforme o primordial risco de Carlos Mardel"; 1773, 23 Dezembro - provisão de D. José I indica que as obras ainda não estão concluídas; opta-se por não efectuar a quinta fonte para o claustro; 1782 - a abadessa D. Ana Máxima de Lancastre, manda pintar as abóbadas e as paredes do coro-baixo; data da inscrição pintada no túmulo de pedra da Rainha Santa; 1789 - data de 2 planos de análise do trajecto do aqueduto pelo mestre Manuel Alves Macomboa, responsável pelas obras do convento; 1810- 1814 - no contexto de instabilidade gerado pelas Invasões francesas, o túmulo de cristal e prata da Rainha fica entaipado numa cela do convento afim da sua protecção; 1834, 28 Maio - Decreto-Lei extinguindo as ordens religiosas; 1835, 25 Abril / 1837, 9 Janeiro - decretos ressalvam que as casas femininas só seriam extintas quando morresse a última freira; 1864, 12 Setembro - a abadessa D. Maria Antónia do Patrocínio assina o inventário dos documentos pertencentes ao Mosteiro de Santa Clara, cuja relação foi efectuada por João Pedro da Costa Basto, passando os documentos para a posse da Torre do Tombo (decreto de 2 de Outubro de 1862 e portaria de 9 de Julho de 1863) ; 1848, 30 Setembro - a comunidade do Mosteiro de Nossa Senhora do Carmo de Sandelgas é acolhida no mosteiro de Santa Clara devido à ruína em que se encontrava o edificio do mosteiro e à falta de meios para comprar os ofícios divinos, em consequência da diminuição das rendas desde 1834; 1859, 26 Novembro - morte da abadessa do Mosteiro de Sandelgas, D. Ana Cândida Coutinho, que jaz no coro-baixo; 1886, 28 Janeiro - morre com 84 anos a última freira do convento de Santa Clara, a madre abadessa D. Maria Antónia do Patrocínio, natural de Viseu, jazendo no coro-baixo; 1886, 13 Março - ofício da extinção do convento enviado à Academia Real das Belas Artes; 1887, 10 Dezembro - oficio do inspector da Academia Real das Belas Artes pedindo autorização para se efectuar a relação dos objectos de valor histórico e artístico para virem para Lisboa - este inventário ficou incompleto por a única madre sobrevivente D. Ana Ermelinda, oriunda do Mosteiro de Sandelgas, não autorizar a relação de alguns bens dizendo que lhe pertenciam; 15 Dezembro - autorização dada para que esses objectos sejam repartidos entre Lisboa e Coimbra e depois enviados para museus; 1889, 21 Fevereiro - os objectos são entregues ao museu de Lisboa, Academia Real das Belas Artes, e de Coimbra, Museu Industrial; 25 Julho - o inspector das Bibliotecas e Arquivos Públicos pede para ficar com os livros e códices pertencentes ao mosteiro; 13 Agosto - despacho ministerial ordena que o inspector da Bibliotecas e Arquivo Públicos proceda à escolha dos livros e códices dos vários conventos extintos; 1891, 10 Junho - morre a madre D. Ana Ermelinda da Conceição Vaz, do Mosteiro de Sandelgas, e última freira a morrer no mosteiro; o convento é definitivamente extinto; pedidos para no edifício se fundar um recolhimento de senhoras "honestas e desemparadas e um colégio para educação de meninas de famílias modestas e remediadas" (IAN/TT, AHMF, cx. 1903); a Mesa da Real Confraria da Rainha Santa Isabel pede para que lhe seja confiada provisoriamente a igreja e todas as alfaias e objectos que nela existam; 26 Junho - a Associação Comercial de Coimbra associa-se ao pedido da Mesa da Confraria; 23 Julho - a Mesa da Real Confraria pede para lhe serem restituídos os objectos que estavam depositados no convento e que por engano foram inventariados como pertencentes ao mosteiro; 11 Dezembro - nova relação de objectos é executada depois da morte de D. Ana Ermelinda testemunhando este acto, D. Maria da Conceição Abreu Marques Nazaré e D. Rosa Emília Leitão, antigas pupilas do serviço espiritual e o reverendo cónego da Sé o Dr. José Ferreira Fresco, comissário do Bispo Conde da Diocese de Coimbra; 1892, 18 Janeiro e 15 Junho - pedido do Governador Civil de Coimbra para que o mosteiro servisse de asilo de mendicidade de Coimbra; 17 Maio - a Mesa da Confraria pede que lhe sejam entregues as suas alfaias e lhe sejam confiadas em depósito as alfaias do culto festivo e ordinário da Rainha Santa; 24 Maio - ofício do Delegado do Tesouro manda entregar os objectos à Mesa da Confraria; 12 Julho - carta ao Bispo de Coimbra a perguntar qual o destino que deveriam ter os objectos de culto; 27 Maio - pagamento ao ourives que fez a avaliação dos objectos entregues à Mesa da Confraria; 13 Julho - despacho do Ministério da Fazenda dando ordem ao Director da Repartição da Fazenda do Distrito de Coimbra para que as alfaias de prata e vasos sagrados pertencentes ao convento sejam entregues ao bispo de Coimbra; 17 Julho - o Delegado do Tesouro manda entregar as roupas e loiças pertencentes ao mosteiro ao asilo; 1896 - o convento é entregue à Congregação de São José de Cluny, para ser colégio missionário (Dicionário de História Religiosa de Portugal, p. 474-476) ; 1898, 28 Junho - em cumprimento dos oficios da Direcção Geral dos Próprios Nacionais (expedida pela 2ª repartição, 2ª secção- processo 825766 - Lº 9/10 de 10 de Junho) é feito novo inventário executado por José Augusto Correia de Brito, 1º aspirante da repartição da Fazenda distrital. Era superiora a irmã Maria Sainte Colombe da Cruz;1908 - algumas mulheres pedem para se acolherem no convento e são-lhes dadas celas para aí viverem; 1910 - extinto o colégio, a Confraria fica com a igreja os coros (baixo e alto) e com o claustro, na parte conventual instala-se o regimento de exército; provável colocação de vitrines nos vãos dos coros e de algum espólio em armários - expositores; 1911 - instalação no convento dos Corpos Militares: RI35, 5. Grupo de Metralhadoras; 1928 - instalação das Unidades Militares: RAL. 2, CICA4, RIC, CAC; 1953 - planta e projecto do adro assinada por Luís Benavente; 1954 - execução da escultura para o adro pelo escultor Álvaro de Brée; 1961 - elaboração de inventário do espólio do convento, pelo monsenhor A. Nunes Pereira; 1978 - instalação do Centro Selecção Piloto de Coimbra; 1979 - Decreto-Lei 278/79 criando o Centro de Selecção de Coimbra; 1988 - criação do Gabinete de Orientação e introduzido apoio informático; 1993 - extinto o Centro de Selecção; 1994 - instalação do Batalhão do Serviço de Saúde, oriundo de Setúbal; 2001, último trimestre - Confraria da Rainha de Santa Isabel procura elaborar um programa museológico e de salvaguarda do espólio, fazendo o inventário do respectivo espólio.

Tipologia
Arquitectura religiosa, maneirista, barroca e rococó. Mosteiro de clarissas composto pela igreja de planta transversal com eixo longitudinal interno, capela-mor mais estreita e baixa com anexos adossados, coros baixo e alto, claustro de planta quadrangular a O., ala dos dormitórios e hospedaria, formando um eixo longitudinal. Conjunto construído ao longo dos séculos 17 e 18, ostentando, fachadas sóbrias, com os elementos estruturais vincadamente marcados, num esquema tipicamente maneirista, com pilastras da ordem colossal romana que descarregam o peso das coberturas em abóbada, rasgadas por janelas em capialço e, na principal, portal de verga recta, mais ostensivamente decorado com tabela e escudo nacional. O claustro reflecte melhor a longa campanha de obras no imóvel, sendo construído ao longo de vários períodos artísticos e, se ostenta estrutura maneirista, com dois andares, o inferior com arcadas onde se joga com as linhas curvas e rectilíneas, a solução encontrada para os ângulos, arredondados pela colocação de fontes decoradas e pelas janelas de sacada no segundo piso, denotam um esquema teatral mais barroquizante. A igreja é composta por nave única, marcada por várias estruturas retabulares à face, em talha dourada do estilo nacional, e capela-mor mais estreita e baixa com retábulo-mor do mesmo estilo, assente sobre supedâneo elevado; para a primeira, abrem os coros baixo e alto, ambos com as mesmas dimensões da nave, o inferior dividido em três naves com cobertura em abóbadas de aresta e o superior de nave única e cobertura em abóbada de berço assente em pilastras, ambos com profusa decoração de pinturas murais e estruturas retabulares maneiristas, nacionais, joaninas e algumas de talha rococó, surgindo, no superior, azulejos de padrão policromo seiscentista e figura avulsa do mesmo período e destaca-se o túmulo da rainha com policromia composto por arca dividida por edículas com santos franciscanos e clarissas e jacente protegida por baldaquino, decorado por cães de regaço, escudos e anjos. Portaria com fachada rococó.

Características Particulares
O Mosteiro impõe-se na paisagem da margem O. da cidade de Coimbra, no cimo de um monte, a que se acede por caminho bastante íngreme, onde se enquadram capelas da Via Sacra, evocando um monte santo e o caminho ascendente de sacrifício até ao templo, onde se cultua, de forma muito intensa, a Rainha Santa Isabel, cujo corpo aí se encontra depositado, num retábulo, simultaneamente expositivo, com trono para o Santíssimo, e relicário, guardando o corpo incorrupto da mesma. A igreja revela uma unidade impressionante do ponto de vista decorativo, estudado como um todo formal, e iconográfico, criando o efeito de um "bello composto", com as estruturas retabulares semelhantes, comportando baixos-relevos que contam episódios da vida de cada um dos oragos, que têm em comum o facto de pertencerem ao mundo dos franciscanos ou a santos particularmente devocionados por esta ordem, havendo uma insistência particular na devotada a São João Baptista, não verificável em outros conventos da mesma comunidade religiosa; estes retábulos formam um percurso narrativo, contando as ligações entre o mundo destes místicos e o celeste, que culmina no retábulo-mor, para onde tudo converge, onde se devociona a Rainha Santa, cujos símbolos surgem em profusão na decoração do imóvel. De destacar, ainda, a existência de um retábulo dedicado ao Santíssimo de dupla face, gémea, voltado para a nave, no topo da parede fundeira, e para o coro-alto. Os coros denotam, talvez, do ponto de vista decorativo, as maiores singularidades, revelando várias campanhas de pinturas murais, desde o século 17 à decoração fitomórfica rococó, reaproveitamento de azulejos, de vários períodos e proveniências, onde se destacam alguns hispano-mouriscos, e de talha dourada, dando origem à existência, num único conjunto, de estruturas maneiristas, com acrescentos nacionais ou joaninos e mesmo com integração de tábuas quinhentistas, provenientes do primitivo convento de Santa Calara-a-Velha. Possui dois órgãos, um em cada coro, com caixas acharoadas com decoração dourada, o do coro-alto mais profusamente decorado. O claustro com o segundo piso na forma de janelas de sacada, revelando solução pouco comum, ostenta uma série de nichos, para os quais poderia estar programada a inserção de escultura, e as fontes angulares da quadra, simbolizando os quatro rios, estando prevista uma quinta para a zona central, substituída por um monumento a Nossa Senhora da Conceição, de particular devoção dos franciscanos, os principais difusores deste culto.

Dados Técnicos
Paredes autoportantes e estrutura mista.

Materiais
Calcário, betão, tijolo, bronze, madeira, vidro, azulejo

Bibliografia
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Documentação Gráfica
IHRU: DGEMN/DSDI, DGEMN/Carta de Risco, DGEMN/DREMCentro/DE, DGEMN/DREMCentro/DM, DGEMN/DSARH

Documentação Fotográfica
IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/Carta de Risco, DGEMN/DREMC

Documentação Administrativa
IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/Carta de Risco, DGEMN/DREMC; AUC: Livro de

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Cidades vizinhas:
Coordenadas:   40°12'12"N   8°26'17"W
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