Islândia

 ilha, porto, povoado/aldeia

Atualmente, o distrito de Yavari, do qual Islândia é a sede, abriga cerca de 15 mil pessoas. Na prática, Islândia, que ganhou esse nome por estar sobre uma ilha (“isla”, em espanhol). Apesar de pertencer ao Peru, a pequena localidade acabou mais próximo do território brasileiro por causa de alteração natural no curso do leito principal do rio Javari. Trata-se de uma cidade peruana, mas está incrustada em território brasileiro.

A atual ilha de Islândia foi demarcada como território peruano por uma comitiva binacional em meados de 1866. O limite havia sido acordado por um tratado em 1851, que definiu o rio Javari como a linha fronteiriça. A partir dos anos 1930, segundo moradores mais antigos, o processo erosivo natural do rio Javari fez com que o leito do rio mudasse seu curso. Foi quando Islândia "se mudou” da margem esquerda para a direita. Hoje, Islândia está separada do Brasil apenas por um pequeno braço do Javari (“furo”, no termo local). Trata-se do antigo leito principal, hoje apelidado de Javarizinho e que seca durante o verão amazônico. Sem outras cidades peruanas próximas a localidade esta praticamente isolada de seu país.

O território era considerado território brasileiro pela população local até a década de 1990, quando se resumia a um punhado de casas e vivia da borracha, da pesca e da madeira. A presença de peruanos só começou a crescer a partir de meados dos anos 1990, com a chegada dos seguidores do líder religioso Ezequiel Ataucusi (1918-2000), que afirmava ser Jesus Cristo reencarnado. Essa migração para a Amazônia teve apoio do governo nacional de Lima, que incentivava o povoamento das fronteiras remotas.

Fonte: 'Mônaco' do Brasil, cidade peruana de Islândia é habitada por israelitas, mas sonha em se tornar Veneza. Jornal Folha de S.Paulo. 20.jul.2021 às 12h17. Reportagem de Fabiano Maisonnave e Lalo de Almeida.