Italva
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Ex-distrito de Campos dos Goitacazes, localizada na região Noroeste Fluminense, microrregião de Itaperuna, está a 36m de altitude, 345 Km distante da cidade do Rio de Janeiro, possui área de 345 Km².
Teve como primeira denominação Santo Antônio das Cachoeiras, elevado a condição de distrito de Campos dos Goitacazes em 10/08/1891.
A história de Italva
O INÍCIO - ORIGEM
Toda cidade tem sua origem muito mais profunda do que muitos pensam, conhecendo apenas os primeiros passos de seus desbravadores dentro de seu próprio território. Antes de conhecermos esta parte, é bom lembrar que vários fatores históricos aconteceram para que se instalasse o atual Município de Italva. A começar pelo próprio Descobrimento do Brasil que é a raiz mestra de todas as cidades atuais. Este capítulo porém, todos nós conhecemos desde o primário e constam em nossos primeiros livros de escola. Antes da chegada dos portugueses a este continente imenso, há menos de 60 Km daqui a movimentação já era intensa com a presença dos índios Tupí-Guaraní, Goitacá e Purí. E é exatamente esta distância que vamos percorrer até atingirmos o desbravamento, a colonização e o desenvolvimento de nossa hoje Italva. Como falar desta sem sabermos a origem de sua célula-mater que é Campos se comprovadamente existem fortes laços de cultura e costumes entre esses povos desde os mais primitivos ? Antes de ganharmos influências que até hoje perduram, trazidas pelos imigrantes que descobriram a já então estabelecida Santo Antônio das Cachoeiras, todos que aqui pisaram, tiveram que seguir a trajetória dos colonizadores no sentido Litoral-Interior e sofrerem as adaptações às novas condições encontradas a cada
região, tendo que muitas das vezes, implantar as suas próprias a cada uma. Assim, Campos dos Goitacazes era Villa da Rainha em 1539, quando começou a produzir açúcar e gado introduzidos por Pero de Góis, o primeiro europeu que tentou colonizar a região. Ele ganhou a Capitania de São Tomé do Cabo, doada pelo rei D. João III como presente numa batalha contra piratas. No início do Século 17, seu filho, Gil de Góis da Silveira, fundou a Vila de Santa Catarina de Mós, mais tarde Parahyba do Sul. Em 19 de agosto de 1627, os sete capitães Miguel Aires Maldonado, Gonçalo Correia, Duarte Correia, Antônio Pinto e Miguel Riscado, ganharam a capitania, cujas terras o reino português considerou abandonadas. A missão deles era abastecer o Rio de Janeiro com gados. Mas também deixaram as terras de lado, que passaram a pertencer ao general Salvador Correia de Sá Benevides, governador do Rio de Janeiro e o primeiro da Dinastia dos Assecas, que dominaram por 79 anos a população campista. A heroína Benta Pereira reagiu com bravura contra a exploração e liderou um levante até a Capitania do Parahyba voltar às mãos da Coroa Portuguesa. Em 29 de maio de 1677 passou a ser Vila de São Salvador dos Campos dos Goitacazes. Cinco anos após a elevação a cidade, começou a ser traçada urbanisticamente, 1840. São inúmeros prédios centenários que ainda hoje revivem o passado dos casarões. Ex.: Solar da Baronesa, entre outros. Na época de sua Emancipação, Campos tinha um território três vezes maior que o atual, abrangendo as áreas hoje ocupadas pelos municípios de São Fidélis, Cardoso Moreira, Itaperuna e ITALVA, que vamos conhecer agora.
INTRODUÇÃO
Feche os olhos por alguns instantes. Mentalize calmamente uma paisagem verdejante, entremeada de densas matas e rasteiras paisagens. Coloque em meio a tudo isso um côro agudo de cântigos lindos e um revoar vez por outra de manadas de pássaros e patos selvagens decolando de diversos aguados. Deixe uma leve monção acariciar toda essa visão e permita por alguns instantes que o silêncio se quebre ante um passo qualquer de quem quer que seja. Assista agora o horizonte se transformando com os ultimos raios de sol se pondo deixando prá tráz um arrepio de solidão. Tente olhar para o céu e imagine uma ou várias constelações brilhando num canto escuro envolto a uma cortina de galhos viçosos. Assista a lua nascendo e se espreitando nos espelhos de aguas claras e calmas, de vez em quando incomodadas e sacudidas por folhas ao leo. Sintonize uma orquestra de coachares e trinados vindos de todos os lados e ecoando pelo infinito. Quem sabe você não pode também acrescentar uma turva e espessa linha de fumaça brotando de alguma chaminé de uma palhoça ladeada por laranjais e em cujo quintal trava-se um duelo de galos mestiços? Pois acrescente. Agora acorde. Abra os olhos. Daqui pra frente, a história é pra valer.
Buscamos no texto acima mostrar, baseados nos aspectos atualmente encontrados, um retrato da origem de nossa terra natal. Nenhuma obra foi encontrada que versasse sobre esse tema. Ousamo-nos, mediante
pesquisas e estudos climatológicos e geológicos, traçar essa descrição imaginária, porém pouco provável de ser irreal, do que foi o nosso hoje habitado, explorado e progressista município. Jamais se admitiria um retrato desse pedaço de chão coberto por uma floresta selvagem, conhecendo-se atualmente o seu sub-solo ricamente alicerçado por incontáveis jazidas de mármore e calcáreo. Por outro lado, é fácil prever a difícil absorção das àguas das chuvas pelo solo e a consequente formação de lagoas e aguados.
PERÍODO MONÁRQUICO - PROVÍNCIA
As primeiras referências documentadas de habitação civilizada na área de nossa hoje Italva, datam do ano de 1891 e constam do primeiro livro de Escrituras do Cartório local. Livros esses que foram instituídos após a proclamação da República, em 1889. Até então, todos os registros eram feitos por instituições religiosas ou documentadas por papéis que não passavam de comprovantes entre as partes envolvidas. Como não existem nas nossas atuais instituições religiosas quaisquer documentos datados do período pré-república (aliás, nenhuma delas existiam na época), fizemos um minucioso estudo dos primeiros registros efetuados nos livros de nº 01 destinados a nascimentos, óbitos e Escrituras, respectivamente, e chegamos a conclusão lógica de que "Italva" começou a ser habitada por civilizados em meados do séc. XIX. Seus primeiros habitantes, a não ser índios tupy-guarani, purís e goitacá, eram latifundiários que devido a grande extensão de suas propriedades, moravam distantes léguas enormes uns dos outros, não havendo portanto, por volta de 1850, qualquer indício de vilas ou aglomerações de moradores
nessa época. Cabe ressaltar que nesse período, pertenciam a "Italva" todos os limites atuais e ainda a área compreendida por Boa Ventura e Córrego da Chica, entregues mais tarde a São José do Avhaí (Itaperuna) por motivos que serão abordados adiante. Assim foi que a primeira Escritura efetuada em nosso Cartório em seu livro nº 01, registra a venda de uma "sorte" de terras localizada no local até hoje denominado Águas Claras, próximo à Boa Ventura. O comprador, Sr. Francisco de Souza Branco, pagou pela aquisição da propriedade 250$000 (duzentos e cinqüenta mil réis) incluindo todas as benfeitorias existentes, tais como: casas, paiós, lavouras, terras cultivadas e até ferramentas de trabalho. Dadas essas condições da propriedade vendida, supõe-se que seu vendedor, o Sr. José Joaquim de Souza e sua esposa, D. Luzia Pereira de Souza, tenham vivido no mesmo local por, no mínimo, 30 anos, para deixarem terras nativas em tão desenvolvidas condições até a data de sua venda que se deu em 28 de março de 1891. Outro fato que atesta a povoação de "Italva" em meados do séc. XIX é o registro de Óbito do jovem José Luis Boviô Filho efetuado no dia 02 de março de 1891, três dias após sua morte por causa não especificada. No relato transcrito pelo Escrivão da época, Feliciano Lopes dos Santos Vianna (oficialmente, o primeiro da Província), ficou claro que o jovem de apenas 17 anos, era muito estimado no local e ali também nascera em 1874. Não é difícil portanto prever e afirmar que "Italva" por volta de 1850 já possuía seus próprios habitantes civilizados e não era mais nenhuma floresta fechada por completo e perdida neste vasto território nacional.
A PEDRA BRANCA
Diversas obras consultadas e que versam sobre essa região, deixam bem claro que esse pedaço de chão não era nada despercebido. "Alguma coisa de importante existia por debaixo deste solo", diria qualquer um de nós que lesse uma dessas obras literárias a cem anos atrás. Historiadores como Júlio Feydith e Alberto Lamêgo, citaram em seus livros as primeiras impressões deixadas por estas plagas e todas elas dão conta de que a região seria mesmo próspera e promissora. Em 1886, o explorador Manoel de Araújo Guimarães, enviou ao Ministério da Agricultura requerimento expondo sua intenção de explorar carvão de pedra nas margens do rio muriaé. Apesar da liberação concedida pelos membros da Comissão de Negócios da Câmara Municipal de Campos, Lacerda Tancroso e Dr. Thomás Coelho de Almeida, não se tem maiores informações sobre o resultado comercial de tal exploração. Não resta dúvidas entretanto que fatos como este, tenham causado várias imigrações de caçadores de minérios para esta região e com isso iniciado a formação de nossa atual condição de centro de exploração mineral. Nos idos de 1872, para cá teriam se lançado homens ávidos por novas riquezas e dotados de senso desbravador. 2 Para se chegar a essa região, o percurso era facilitado pela possibilidade de se navegar em boas condições pelo rio muriaé ao invés de se enfrentar caminhos rudimentares e trilhas por entre densas matas e emaranhados de cipós.
Mas logo ao atingirem Cardoso Moreira, não havia outro meio de se chegar à terra do mármore. Daí prá frente é que começavam a aparecer as corredeiras e fortes cachoeiras.
Início da construção da ponte em 1940
Este aspecto encontrado pelos nossos pioneiros desbravadores assim que atingiram nossa região, deu origem ao primeiro nome que Italva recebeu :"Santo Antônio" porque toda essa área pertencia à Freguesia de Santo Antônio dos Guarulhos e "cachoeiras" devido a alteração caudalosa encontrada no rio até então considerado por eles de curso manso. Assim foi que em 06 de novembro de 1873, por Lei Provincial nº 1.937, nasceu a Freguesia de Santo Antônio das Cachoeiras. Começavam-se as descobertas de jazidas de calcário e propalava-se a extração de carvão nas margens do rio muriaé. Com isso muitos aventureiros para cá se deslocavam mas muitos desistiam pela dificuldade em encontrar mão de obra, pois as fazendas de café e cana de açúcar locais, adotavam o mesmo sistema do país inteiro: a mão de obra escrava e os donos de engenhos castigavam os desertores ou quem aceitasse as ofertas dos "forasteiros".. Isso mesmo.
SANTO ANTÔNIO DAS CACHOEIRAS
Santo Antônio das Cachoeiras não ficou fora desse marco negativo na história do Brasil. Aqui também prevaleceu a escravidão até mesmo depois da Abolição em 1888. Provas concretas dessa prática por aqui nós encontramos não só nos velhos galpões do Casarão da Fazenda Experimental (hoje sede da Prefeitura) ou nos destroços da antiga casa de D. Amélia Motta, em Cachoeira do Caboclo, mas também em relatos de pessoas que conviveram com escravos que aqui permaneceram após o tardio reconhecimento de seus "senhores". Na antiga Fazenda de Santa Luzia, atualmente Coleginho (São Pedro), ocorreu um caso contado ao Sr. Manoel "Adão" do Nascimento, por um velhinho de 120 anos, de quem ele não se lembra mais o nome, no qual um escravo teria se refugiado dentro de uma caieira durante a noite e na manhã seguinte, foi involuntariamente queimado por um grupo de homens que ateou fogo no forno. O mal cheiro que exalou momentos depois, denunciou a presença do corpo. Ao ser comunicado do fato, o dono da fazenda ordenou aos seus homens que não espalhassem a notícia, caso contrário teriam o mesmo destino. Tal atitude deu-se pelo fato do fazendeiro ainda estar mantendo em cativeiro seus escravos mesmo sabendo da Abolição concedida pela Lei Áurea em todo o Brasil. Na memória dos mais velhos moradores de Italva, ainda permanecem acesas lembranças não só como essas, contadas a eles por velhos moradores de Santo Antônio das Cachoeiras, como também algumas alcançadas por eles próprios. Mais adiante, por volta dos anos 40, vocês conhecerão a história de um escravo de nome Fidélis que por aqui nasceu no ano de 1860. Também viveu aqui muitos anos após a Abolição um escravo de nome Amâncio, popular "Amancinho", que dizia ter nascido em 1880 em outras terras. Ele morreu aos 95 anos com uma lucidez invejável e mostrava com precisão os pontos onde se empregava a mão de obra escrava na região. Estas suas narrativas repassadas até os dias atuais pelos mais velhos, somados a outros depoimentos e obras consultadas, são documentos importantes de nosso passado. No livro "Subsídios para a formação da História de Campos dos Goitacazes", o escritor Júlio Feydit relata a realidade do nosso atual município nos anos 1880/90 da seguinte forma: "...a pedreira de cal que está mais perto da cidade de Campos se encontra à distancia de 62 Km, às margens do rio muriaé. Foi seu primeiro explorador o alemão Mateus Tannes. Por morte dele tocou-a sua filha Justina de Tannes. Esta, vendeu-a a João Machado de Siqueira. Falecido este, coube uma partilha a uma filha que a vendeu a João Cardoso Moreira, passando a seus herdeiros". Havia uma segunda pedreira que se situava em áreas que hoje não pertencem a Italva e uma terceira que ficava acima do porto das barcas em frente a Estação. Muitas outras pedreiras existiam na região, abrangendo uma área de 32 Km. Aqui estavam as maiores jazidas da rica pedra de onde fabricava-se a cal que era exportada e empregada na fabricação 3 do gás de iluminação e outra parte vendida aos fazendeiros para limparem o caldo de cana na fabricação do açúcar. Como pode se notar, esta região que hoje compõe o município de Italva, desde os seus primórdios foi peça fundamental no desenvolvimento de todas as regiões adjacentes.
A VISITA DE D. PEDRO I
Sua importância era de tão alta relevância que no dia 24 de Novembro de 1878, ao passar por aqui a caminho de Carangola, para a inauguração da Estrada de Ferro, o Imperador D. Pedro II foi informado de suas riquezas minerais e aceitou um lauto almoço oferecido a ele e sua comitiva, tendo descido na Estação recém construída e permanecido por quase duas horas no local. Como pode-se notar, esta região que hoje compõe o Município de Italva, desde os seus primórdios foi peça fundamental no desenvolvimento de todas as regiões adjacentes. Sua importância era de tão alta relevância que no dia 24 de Novembro de 1878, recebia a visita do Imperador D. Pedro II e sua comitiva, tendo estes sentido o desejo de conhecer tão rica terra de onde será extraída tão precioso mineral. A eles foi oferecido um lauto almoço no prédio onde se inaugurava a até hoje erguida, porém desativada, Estação Ferroviária. Neste período, o número de habitantes não ultrapassava meio milhar e as casas
escondiam-se umas das outras por entre os pântanos e a longas distâncias. Estes números entretanto não chegam a ser insignificantes uma vez que no mesmo período, em todo o Brasil, haviam apenas 10 milhões de pessoas. Não foi difícil o acesso de nossos primeiros exploradores ás fontes de nossas riquezas uma vez que, quando aqui chegaram, muitas clareiras já haviam sido abertas pelos índios que aqui habitaram (Tupi-Guarani), porém precisou-lhes muita coragem e sofrimento para suportarem inúmeras doenças causadas por insetos e parasitas que aqui proliferaram em abundância devido ao habitat ideal que lhes proporcionavam a constituição climatológica e pedológica de nossa região. Situadas em meio a elevações e aclives alicerçados por milhões de toneladas de de pedras, nossas terras pouco absorviam as águas das chuvas e isto causou a formação de várias lagoas, brejos e pântanos por toda a parte. Este fator somado ao clima quente e úmido predominante e um total pluviométrico que se supõe, seria de mais de 2 mil mm anuais, contribuía para o alastramento de terríveis epidemias que acabaram por levar muitos de nossos antecessores.
PERÍODO REPUBLICANO - DISTRITO
Assim como em todo o país, a Proclamação da República provocou em Italva diversas mudanças de ordens política e social. Inicia-se após este acontecimento, a verdadeira arrancada desta região para o progresso. Com dezenas de Fornos de barranco ou "de campanha", (como eram chamados os queimadores de pedra cavados nas encostas dos morros ) em pleno funcionamento, não só começavam a brotar nossas imensas jazidas de
calcaréo como desenfreava-se em toda parte um vasto desmatamento provocado pela chegada cada vez maior de novos moradores e principalmente para a obtenção da lenha usada no carregamento dos fornos. Gastava-se por vêz 210m3 de lenha e produzia-se num forno de proporções médias, 90 toneladas de cal que eram levadas na sua maior parte, em lombos de burros, para a cidade de Campos. Com a chegada da ferrovia pelo lado direito do rio Muriaé, oposto às grandes jazidas, tornou-se necessário a criação de um sistema de ligação entre as duas margens do rio, aparecendo então em maior número, canoas reforçadas que dariam, alguns anos depois, origem às tradicionais barcas do "seu" Honorato. Mas não só as pedras impulsionavam a então Freguesia de Santo Antônio das Cachoeiras. Enormes lavouras de café começavam a se formar em grandes fazendas espalhadas pelos arredores e algumas até já produziam, ainda em pequena escala. Também a cana-de-açucar, já a muito difundida em Campos, ocupava grandes extensões das terras dos fazendeiros locais, em sua maioria, descendentes de suiços que naquela época já imigravam para a região serrana do Estado e muitos deles se instalaram em Aperibé, de onde ao tomarem conhecimento das perspectivas econômicas da nossa Freguesia, para cá se deslocaram. A estes imigrantes deve-se hoje a presença de tipos loiros e de olhos claros em meio a nossa população, traços muito característicos da família Salles, que teve participação ativa na formação de nossa história e cuja geração já atinge o seu 5º grau. Brancos, negros, pardos e morenos também se destacaram na formação desta terra fazendo com que o fator raça na sua expressão étnica não definisse nenhuma delas como a mais importante, mas sim, na sua expressão de coragem e luta, destacasse todas como fundamentais para que no dia 10 de agosto de 1891, Santo Antônio das Cachoeiras, por Deliberação Estadual, fosse classificada como 10º Distrito de Campos dos Goitacazes.
PRIMEIRAS ESTRUTURAS ADMINISTRATIVAS
Para cá vieram o primeiro Juiz de Paz, Jerônimo Lemos e o primeiro Escrivão, Feliciano Lopes dos Santos Viana, instalando-se o Cartório de Registro Civil em São Pedro Paraíso, que além de atender a localidade, cuidava ainda dos registros de Boa Ventura e Córrego da Chica, lugarejos situados dentro da Freguesia de São José do Avhay, hoje Itaperuna. Não fosse o descaso, mais tarde relatado, de algumas autoridades que assumiram nossas causas fundiárias, estas duas áreas prósperas estariam incorporadas ao nosso Município. À partir da criação do Cartório torna-se mais fácil trilhar os rumos histáricos de Italva. Uma pesquisa minuciosa feita em todos os livros até o ano de 1900, mostrou que duas outras grandes famílias dividiram os quase 300 km2 de terra que o distrito possuía na época. Sobrenomes de Monção e Romano são uma constante no livro nº 02 de Escritura de compra e venda de imóveis (entre 1893 e 1896). Apesar do nome Monção estar mais voltado para o português ou o espanhol que também imigraram para cá, é dada a eles por descendentes atuais, origem francesa. (Romanos ?) Como exemplos destas famílias podemos citar os nomes de: Vicente Antônio da Costa Romano, que se destacou como Escrivão de Paz na época; Germano José Monção, Sebastião José Monção e Joaquim José Monção, latifundiário rico e generoso...entre outros ancestrais de valorosos italvenses de hoje. Toda essa miscigenação, deu aos nossos primórdios, um clima de confraternização onde todos procuravam se integrar em busca de um ideal singular que era o crescimento cada vez maior desta terra, ainda uma bucólica paisagem mas que, habitada por aguerridos homens e mulheres incumbidos ainda de sua desbravação, tinha suas tardes de festas e comemorações. O primeiro registro de um desses momentos que caracterizou também o cruzamento de raças diferentes, se deu oficialmente no dia 11 de abril de 1891, quando o casal Joaquim Brasil de Aquino e Maria Pinto de Azevêdo, ele de origem portuguêsa, concedeu a "mão" de sua filha Francisca Brasil de Aquino, 19 anos, a Francisco de Salles Ramalho, 28 anos, filho de Pedro José Ramalho e Delfina Maria Ramalho, lavradores de descendências alpinas. Nessa época o casamento não tinha um cunho tão voltado para o social como agora. A união do casal significava acima de tudo, um compromisso para com a multiplicação, não só dos filhos, mas também dos dotes recebidos. Mas os bailes eram inevitáveis. No dia 02 de março de 1891, inaugurando o Livro de Nascimentos de nosso Cartório, o negociante Manoel Alves Dias Pessanha, solicitava ao Escrivão Feliciano Lopes, o registro de uma criança do sexo masculino, de cor branca, filho do lavrador Leão José Ribeiro Salgado. A falta de meios de transporte adequados e as más condições das estradas, retardara a comunicação no dia exato do nascimento que se dera em 06 de fevereiro do mesmo ano às seis horas da manhã. A mãe, dona Maria Virgínia da Conceição, tivera parto normal em sua residência no lugarejo denominado de "Buraca" (hoje Pimentel), na Freguesia de Santo Antônio das Cachoeiras. Ao menino foi dado o nome de Manoel dos Reis Ribeiro Salgado. Casamentos, nascimentos, muito mais que motivos de festas, eram importantíssimos passos para a formação de nossa sociedade. Uma sociedade que já começava a ser intimada para opinar sobre os assuntos políticos de seu distrito. Uma sociedade que, apesar de ainda sob forte influência dos grandes "senhores" e "coronéis", tinha o direito de ser também consultada na hora da escolha de seus representantes junto ao município de Campos e ao Estado do Rio de janeiro.
A PRIMEIRA ELEIÇÃO
Assim, em 16 de junho de 1892, os eleitores cadastrados no Distrito de Santo Antônio das Cachoeiras, em torno de cem, foram convocados para a eleição dos Vereadores Gerais, Distrital e o novo Juiz de Paz. Na residência de D. Maria Pinto da Conceição Ribeiro, onde funcionava uma escola mista, no lugar denominado Barra Sêca, foi instalada a 1ª Seção Eleitoral do Distrito. Ali foi colocada uma grande mesa sob a qual estavam a urna, o Livro de Assinaturas e o Livro de Ata da Votação que seria transcrito no Livro do Cartório. Em torno da mesa tiveram assento o Presidente da Seção, Manoel Antônio Ribeiro de Castro, o Fiscal José Alves Torres Júnior e os auxiliares Manoel José Ribeiro de Azevêdo, Jerônimo Gomes da Silva, Oscar da Costa Pereira e José Mendes da Silva.
O presidente designou o membro Oscar da Costa Pereira para secretariar a votação e redigir a ata e o membro Jerônimo Gomes da Silva para fazer a "chamação" dos eleitores, o que foi cumprido às 10:00h da manhã. Precisamente às 14:00h, foi concluída a votação e registrada a presença de 66 eleitores. O secretário passou então, em voz alta e na presença de todos, a ler o resultado que foi o seguinte: ? Para Vereadores Distritais: Júlio Feydit - 53 votos Jerônimo de Souza Mota - 52 votos ? Para Vereador Distrital: Faustino Ribeiro da Silva - 52 votos José Antônio da Silva Sanches - 14 votos ? Para Juiz de Paz: Caetano Pinheiro Ribeiro S. Azevêdo - 54 votos. ? Uma cédula de votação para Vereadores Gerais ficou em branco. Obs.: Se houve ou não falha ou "fraude" na apuração, foram estes números que o secretário Oscar da Costa Pereira divulgou e transcreveu para o Livro do Cartório. Mais tarde as eleições passaram a ser realizadas na casa de D. Maria Cardoso, na Estação de Cachoeiras (ex-Santo Antônio...) e posteriormente na Estação de Cardoso Moreira, onde morava o Sr. Artur Eugênio Torres. Final do Séc. XIX, Santo Antônio da Cachoeira já com sua condição de terra promissora, continuava a crescer a cada dia e seus habitantes apesar de espalhados, distantes uns dos outros, permaneciam próximos no ideal de que o século seguinte iria trazer à tona uma riqueza muito grande que esperava pelos investidores e que estava sob seus pés, como que a descansar por sua longa formação geológica ou envergonhada por se mostrar tão alva diante de um povo bronzeado por sua
labuta sol a sol.
www.italvaonline.com.br/historia_1.htm
Data da fundação do município: 12/06/1986.
Gentílico Italvense.
É conhecida como a cidade do "quibe", por ter sido, em parte, colonizada por migrantes de origem sírio-libanesa.
www.governo.rj.gov.br/municipal.asp?M=61
www.cederj.edu.br/atlas/italva.htm
pt.wikipedia.org/wiki/Esporte_Clube_Italva
www.italvaonline.com.br/
Teve como primeira denominação Santo Antônio das Cachoeiras, elevado a condição de distrito de Campos dos Goitacazes em 10/08/1891.
A história de Italva
O INÍCIO - ORIGEM
Toda cidade tem sua origem muito mais profunda do que muitos pensam, conhecendo apenas os primeiros passos de seus desbravadores dentro de seu próprio território. Antes de conhecermos esta parte, é bom lembrar que vários fatores históricos aconteceram para que se instalasse o atual Município de Italva. A começar pelo próprio Descobrimento do Brasil que é a raiz mestra de todas as cidades atuais. Este capítulo porém, todos nós conhecemos desde o primário e constam em nossos primeiros livros de escola. Antes da chegada dos portugueses a este continente imenso, há menos de 60 Km daqui a movimentação já era intensa com a presença dos índios Tupí-Guaraní, Goitacá e Purí. E é exatamente esta distância que vamos percorrer até atingirmos o desbravamento, a colonização e o desenvolvimento de nossa hoje Italva. Como falar desta sem sabermos a origem de sua célula-mater que é Campos se comprovadamente existem fortes laços de cultura e costumes entre esses povos desde os mais primitivos ? Antes de ganharmos influências que até hoje perduram, trazidas pelos imigrantes que descobriram a já então estabelecida Santo Antônio das Cachoeiras, todos que aqui pisaram, tiveram que seguir a trajetória dos colonizadores no sentido Litoral-Interior e sofrerem as adaptações às novas condições encontradas a cada
região, tendo que muitas das vezes, implantar as suas próprias a cada uma. Assim, Campos dos Goitacazes era Villa da Rainha em 1539, quando começou a produzir açúcar e gado introduzidos por Pero de Góis, o primeiro europeu que tentou colonizar a região. Ele ganhou a Capitania de São Tomé do Cabo, doada pelo rei D. João III como presente numa batalha contra piratas. No início do Século 17, seu filho, Gil de Góis da Silveira, fundou a Vila de Santa Catarina de Mós, mais tarde Parahyba do Sul. Em 19 de agosto de 1627, os sete capitães Miguel Aires Maldonado, Gonçalo Correia, Duarte Correia, Antônio Pinto e Miguel Riscado, ganharam a capitania, cujas terras o reino português considerou abandonadas. A missão deles era abastecer o Rio de Janeiro com gados. Mas também deixaram as terras de lado, que passaram a pertencer ao general Salvador Correia de Sá Benevides, governador do Rio de Janeiro e o primeiro da Dinastia dos Assecas, que dominaram por 79 anos a população campista. A heroína Benta Pereira reagiu com bravura contra a exploração e liderou um levante até a Capitania do Parahyba voltar às mãos da Coroa Portuguesa. Em 29 de maio de 1677 passou a ser Vila de São Salvador dos Campos dos Goitacazes. Cinco anos após a elevação a cidade, começou a ser traçada urbanisticamente, 1840. São inúmeros prédios centenários que ainda hoje revivem o passado dos casarões. Ex.: Solar da Baronesa, entre outros. Na época de sua Emancipação, Campos tinha um território três vezes maior que o atual, abrangendo as áreas hoje ocupadas pelos municípios de São Fidélis, Cardoso Moreira, Itaperuna e ITALVA, que vamos conhecer agora.
INTRODUÇÃO
Feche os olhos por alguns instantes. Mentalize calmamente uma paisagem verdejante, entremeada de densas matas e rasteiras paisagens. Coloque em meio a tudo isso um côro agudo de cântigos lindos e um revoar vez por outra de manadas de pássaros e patos selvagens decolando de diversos aguados. Deixe uma leve monção acariciar toda essa visão e permita por alguns instantes que o silêncio se quebre ante um passo qualquer de quem quer que seja. Assista agora o horizonte se transformando com os ultimos raios de sol se pondo deixando prá tráz um arrepio de solidão. Tente olhar para o céu e imagine uma ou várias constelações brilhando num canto escuro envolto a uma cortina de galhos viçosos. Assista a lua nascendo e se espreitando nos espelhos de aguas claras e calmas, de vez em quando incomodadas e sacudidas por folhas ao leo. Sintonize uma orquestra de coachares e trinados vindos de todos os lados e ecoando pelo infinito. Quem sabe você não pode também acrescentar uma turva e espessa linha de fumaça brotando de alguma chaminé de uma palhoça ladeada por laranjais e em cujo quintal trava-se um duelo de galos mestiços? Pois acrescente. Agora acorde. Abra os olhos. Daqui pra frente, a história é pra valer.
Buscamos no texto acima mostrar, baseados nos aspectos atualmente encontrados, um retrato da origem de nossa terra natal. Nenhuma obra foi encontrada que versasse sobre esse tema. Ousamo-nos, mediante
pesquisas e estudos climatológicos e geológicos, traçar essa descrição imaginária, porém pouco provável de ser irreal, do que foi o nosso hoje habitado, explorado e progressista município. Jamais se admitiria um retrato desse pedaço de chão coberto por uma floresta selvagem, conhecendo-se atualmente o seu sub-solo ricamente alicerçado por incontáveis jazidas de mármore e calcáreo. Por outro lado, é fácil prever a difícil absorção das àguas das chuvas pelo solo e a consequente formação de lagoas e aguados.
PERÍODO MONÁRQUICO - PROVÍNCIA
As primeiras referências documentadas de habitação civilizada na área de nossa hoje Italva, datam do ano de 1891 e constam do primeiro livro de Escrituras do Cartório local. Livros esses que foram instituídos após a proclamação da República, em 1889. Até então, todos os registros eram feitos por instituições religiosas ou documentadas por papéis que não passavam de comprovantes entre as partes envolvidas. Como não existem nas nossas atuais instituições religiosas quaisquer documentos datados do período pré-república (aliás, nenhuma delas existiam na época), fizemos um minucioso estudo dos primeiros registros efetuados nos livros de nº 01 destinados a nascimentos, óbitos e Escrituras, respectivamente, e chegamos a conclusão lógica de que "Italva" começou a ser habitada por civilizados em meados do séc. XIX. Seus primeiros habitantes, a não ser índios tupy-guarani, purís e goitacá, eram latifundiários que devido a grande extensão de suas propriedades, moravam distantes léguas enormes uns dos outros, não havendo portanto, por volta de 1850, qualquer indício de vilas ou aglomerações de moradores
nessa época. Cabe ressaltar que nesse período, pertenciam a "Italva" todos os limites atuais e ainda a área compreendida por Boa Ventura e Córrego da Chica, entregues mais tarde a São José do Avhaí (Itaperuna) por motivos que serão abordados adiante. Assim foi que a primeira Escritura efetuada em nosso Cartório em seu livro nº 01, registra a venda de uma "sorte" de terras localizada no local até hoje denominado Águas Claras, próximo à Boa Ventura. O comprador, Sr. Francisco de Souza Branco, pagou pela aquisição da propriedade 250$000 (duzentos e cinqüenta mil réis) incluindo todas as benfeitorias existentes, tais como: casas, paiós, lavouras, terras cultivadas e até ferramentas de trabalho. Dadas essas condições da propriedade vendida, supõe-se que seu vendedor, o Sr. José Joaquim de Souza e sua esposa, D. Luzia Pereira de Souza, tenham vivido no mesmo local por, no mínimo, 30 anos, para deixarem terras nativas em tão desenvolvidas condições até a data de sua venda que se deu em 28 de março de 1891. Outro fato que atesta a povoação de "Italva" em meados do séc. XIX é o registro de Óbito do jovem José Luis Boviô Filho efetuado no dia 02 de março de 1891, três dias após sua morte por causa não especificada. No relato transcrito pelo Escrivão da época, Feliciano Lopes dos Santos Vianna (oficialmente, o primeiro da Província), ficou claro que o jovem de apenas 17 anos, era muito estimado no local e ali também nascera em 1874. Não é difícil portanto prever e afirmar que "Italva" por volta de 1850 já possuía seus próprios habitantes civilizados e não era mais nenhuma floresta fechada por completo e perdida neste vasto território nacional.
A PEDRA BRANCA
Diversas obras consultadas e que versam sobre essa região, deixam bem claro que esse pedaço de chão não era nada despercebido. "Alguma coisa de importante existia por debaixo deste solo", diria qualquer um de nós que lesse uma dessas obras literárias a cem anos atrás. Historiadores como Júlio Feydith e Alberto Lamêgo, citaram em seus livros as primeiras impressões deixadas por estas plagas e todas elas dão conta de que a região seria mesmo próspera e promissora. Em 1886, o explorador Manoel de Araújo Guimarães, enviou ao Ministério da Agricultura requerimento expondo sua intenção de explorar carvão de pedra nas margens do rio muriaé. Apesar da liberação concedida pelos membros da Comissão de Negócios da Câmara Municipal de Campos, Lacerda Tancroso e Dr. Thomás Coelho de Almeida, não se tem maiores informações sobre o resultado comercial de tal exploração. Não resta dúvidas entretanto que fatos como este, tenham causado várias imigrações de caçadores de minérios para esta região e com isso iniciado a formação de nossa atual condição de centro de exploração mineral. Nos idos de 1872, para cá teriam se lançado homens ávidos por novas riquezas e dotados de senso desbravador. 2 Para se chegar a essa região, o percurso era facilitado pela possibilidade de se navegar em boas condições pelo rio muriaé ao invés de se enfrentar caminhos rudimentares e trilhas por entre densas matas e emaranhados de cipós.
Mas logo ao atingirem Cardoso Moreira, não havia outro meio de se chegar à terra do mármore. Daí prá frente é que começavam a aparecer as corredeiras e fortes cachoeiras.
Início da construção da ponte em 1940
Este aspecto encontrado pelos nossos pioneiros desbravadores assim que atingiram nossa região, deu origem ao primeiro nome que Italva recebeu :"Santo Antônio" porque toda essa área pertencia à Freguesia de Santo Antônio dos Guarulhos e "cachoeiras" devido a alteração caudalosa encontrada no rio até então considerado por eles de curso manso. Assim foi que em 06 de novembro de 1873, por Lei Provincial nº 1.937, nasceu a Freguesia de Santo Antônio das Cachoeiras. Começavam-se as descobertas de jazidas de calcário e propalava-se a extração de carvão nas margens do rio muriaé. Com isso muitos aventureiros para cá se deslocavam mas muitos desistiam pela dificuldade em encontrar mão de obra, pois as fazendas de café e cana de açúcar locais, adotavam o mesmo sistema do país inteiro: a mão de obra escrava e os donos de engenhos castigavam os desertores ou quem aceitasse as ofertas dos "forasteiros".. Isso mesmo.
SANTO ANTÔNIO DAS CACHOEIRAS
Santo Antônio das Cachoeiras não ficou fora desse marco negativo na história do Brasil. Aqui também prevaleceu a escravidão até mesmo depois da Abolição em 1888. Provas concretas dessa prática por aqui nós encontramos não só nos velhos galpões do Casarão da Fazenda Experimental (hoje sede da Prefeitura) ou nos destroços da antiga casa de D. Amélia Motta, em Cachoeira do Caboclo, mas também em relatos de pessoas que conviveram com escravos que aqui permaneceram após o tardio reconhecimento de seus "senhores". Na antiga Fazenda de Santa Luzia, atualmente Coleginho (São Pedro), ocorreu um caso contado ao Sr. Manoel "Adão" do Nascimento, por um velhinho de 120 anos, de quem ele não se lembra mais o nome, no qual um escravo teria se refugiado dentro de uma caieira durante a noite e na manhã seguinte, foi involuntariamente queimado por um grupo de homens que ateou fogo no forno. O mal cheiro que exalou momentos depois, denunciou a presença do corpo. Ao ser comunicado do fato, o dono da fazenda ordenou aos seus homens que não espalhassem a notícia, caso contrário teriam o mesmo destino. Tal atitude deu-se pelo fato do fazendeiro ainda estar mantendo em cativeiro seus escravos mesmo sabendo da Abolição concedida pela Lei Áurea em todo o Brasil. Na memória dos mais velhos moradores de Italva, ainda permanecem acesas lembranças não só como essas, contadas a eles por velhos moradores de Santo Antônio das Cachoeiras, como também algumas alcançadas por eles próprios. Mais adiante, por volta dos anos 40, vocês conhecerão a história de um escravo de nome Fidélis que por aqui nasceu no ano de 1860. Também viveu aqui muitos anos após a Abolição um escravo de nome Amâncio, popular "Amancinho", que dizia ter nascido em 1880 em outras terras. Ele morreu aos 95 anos com uma lucidez invejável e mostrava com precisão os pontos onde se empregava a mão de obra escrava na região. Estas suas narrativas repassadas até os dias atuais pelos mais velhos, somados a outros depoimentos e obras consultadas, são documentos importantes de nosso passado. No livro "Subsídios para a formação da História de Campos dos Goitacazes", o escritor Júlio Feydit relata a realidade do nosso atual município nos anos 1880/90 da seguinte forma: "...a pedreira de cal que está mais perto da cidade de Campos se encontra à distancia de 62 Km, às margens do rio muriaé. Foi seu primeiro explorador o alemão Mateus Tannes. Por morte dele tocou-a sua filha Justina de Tannes. Esta, vendeu-a a João Machado de Siqueira. Falecido este, coube uma partilha a uma filha que a vendeu a João Cardoso Moreira, passando a seus herdeiros". Havia uma segunda pedreira que se situava em áreas que hoje não pertencem a Italva e uma terceira que ficava acima do porto das barcas em frente a Estação. Muitas outras pedreiras existiam na região, abrangendo uma área de 32 Km. Aqui estavam as maiores jazidas da rica pedra de onde fabricava-se a cal que era exportada e empregada na fabricação 3 do gás de iluminação e outra parte vendida aos fazendeiros para limparem o caldo de cana na fabricação do açúcar. Como pode se notar, esta região que hoje compõe o município de Italva, desde os seus primórdios foi peça fundamental no desenvolvimento de todas as regiões adjacentes.
A VISITA DE D. PEDRO I
Sua importância era de tão alta relevância que no dia 24 de Novembro de 1878, ao passar por aqui a caminho de Carangola, para a inauguração da Estrada de Ferro, o Imperador D. Pedro II foi informado de suas riquezas minerais e aceitou um lauto almoço oferecido a ele e sua comitiva, tendo descido na Estação recém construída e permanecido por quase duas horas no local. Como pode-se notar, esta região que hoje compõe o Município de Italva, desde os seus primórdios foi peça fundamental no desenvolvimento de todas as regiões adjacentes. Sua importância era de tão alta relevância que no dia 24 de Novembro de 1878, recebia a visita do Imperador D. Pedro II e sua comitiva, tendo estes sentido o desejo de conhecer tão rica terra de onde será extraída tão precioso mineral. A eles foi oferecido um lauto almoço no prédio onde se inaugurava a até hoje erguida, porém desativada, Estação Ferroviária. Neste período, o número de habitantes não ultrapassava meio milhar e as casas
escondiam-se umas das outras por entre os pântanos e a longas distâncias. Estes números entretanto não chegam a ser insignificantes uma vez que no mesmo período, em todo o Brasil, haviam apenas 10 milhões de pessoas. Não foi difícil o acesso de nossos primeiros exploradores ás fontes de nossas riquezas uma vez que, quando aqui chegaram, muitas clareiras já haviam sido abertas pelos índios que aqui habitaram (Tupi-Guarani), porém precisou-lhes muita coragem e sofrimento para suportarem inúmeras doenças causadas por insetos e parasitas que aqui proliferaram em abundância devido ao habitat ideal que lhes proporcionavam a constituição climatológica e pedológica de nossa região. Situadas em meio a elevações e aclives alicerçados por milhões de toneladas de de pedras, nossas terras pouco absorviam as águas das chuvas e isto causou a formação de várias lagoas, brejos e pântanos por toda a parte. Este fator somado ao clima quente e úmido predominante e um total pluviométrico que se supõe, seria de mais de 2 mil mm anuais, contribuía para o alastramento de terríveis epidemias que acabaram por levar muitos de nossos antecessores.
PERÍODO REPUBLICANO - DISTRITO
Assim como em todo o país, a Proclamação da República provocou em Italva diversas mudanças de ordens política e social. Inicia-se após este acontecimento, a verdadeira arrancada desta região para o progresso. Com dezenas de Fornos de barranco ou "de campanha", (como eram chamados os queimadores de pedra cavados nas encostas dos morros ) em pleno funcionamento, não só começavam a brotar nossas imensas jazidas de
calcaréo como desenfreava-se em toda parte um vasto desmatamento provocado pela chegada cada vez maior de novos moradores e principalmente para a obtenção da lenha usada no carregamento dos fornos. Gastava-se por vêz 210m3 de lenha e produzia-se num forno de proporções médias, 90 toneladas de cal que eram levadas na sua maior parte, em lombos de burros, para a cidade de Campos. Com a chegada da ferrovia pelo lado direito do rio Muriaé, oposto às grandes jazidas, tornou-se necessário a criação de um sistema de ligação entre as duas margens do rio, aparecendo então em maior número, canoas reforçadas que dariam, alguns anos depois, origem às tradicionais barcas do "seu" Honorato. Mas não só as pedras impulsionavam a então Freguesia de Santo Antônio das Cachoeiras. Enormes lavouras de café começavam a se formar em grandes fazendas espalhadas pelos arredores e algumas até já produziam, ainda em pequena escala. Também a cana-de-açucar, já a muito difundida em Campos, ocupava grandes extensões das terras dos fazendeiros locais, em sua maioria, descendentes de suiços que naquela época já imigravam para a região serrana do Estado e muitos deles se instalaram em Aperibé, de onde ao tomarem conhecimento das perspectivas econômicas da nossa Freguesia, para cá se deslocaram. A estes imigrantes deve-se hoje a presença de tipos loiros e de olhos claros em meio a nossa população, traços muito característicos da família Salles, que teve participação ativa na formação de nossa história e cuja geração já atinge o seu 5º grau. Brancos, negros, pardos e morenos também se destacaram na formação desta terra fazendo com que o fator raça na sua expressão étnica não definisse nenhuma delas como a mais importante, mas sim, na sua expressão de coragem e luta, destacasse todas como fundamentais para que no dia 10 de agosto de 1891, Santo Antônio das Cachoeiras, por Deliberação Estadual, fosse classificada como 10º Distrito de Campos dos Goitacazes.
PRIMEIRAS ESTRUTURAS ADMINISTRATIVAS
Para cá vieram o primeiro Juiz de Paz, Jerônimo Lemos e o primeiro Escrivão, Feliciano Lopes dos Santos Viana, instalando-se o Cartório de Registro Civil em São Pedro Paraíso, que além de atender a localidade, cuidava ainda dos registros de Boa Ventura e Córrego da Chica, lugarejos situados dentro da Freguesia de São José do Avhay, hoje Itaperuna. Não fosse o descaso, mais tarde relatado, de algumas autoridades que assumiram nossas causas fundiárias, estas duas áreas prósperas estariam incorporadas ao nosso Município. À partir da criação do Cartório torna-se mais fácil trilhar os rumos histáricos de Italva. Uma pesquisa minuciosa feita em todos os livros até o ano de 1900, mostrou que duas outras grandes famílias dividiram os quase 300 km2 de terra que o distrito possuía na época. Sobrenomes de Monção e Romano são uma constante no livro nº 02 de Escritura de compra e venda de imóveis (entre 1893 e 1896). Apesar do nome Monção estar mais voltado para o português ou o espanhol que também imigraram para cá, é dada a eles por descendentes atuais, origem francesa. (Romanos ?) Como exemplos destas famílias podemos citar os nomes de: Vicente Antônio da Costa Romano, que se destacou como Escrivão de Paz na época; Germano José Monção, Sebastião José Monção e Joaquim José Monção, latifundiário rico e generoso...entre outros ancestrais de valorosos italvenses de hoje. Toda essa miscigenação, deu aos nossos primórdios, um clima de confraternização onde todos procuravam se integrar em busca de um ideal singular que era o crescimento cada vez maior desta terra, ainda uma bucólica paisagem mas que, habitada por aguerridos homens e mulheres incumbidos ainda de sua desbravação, tinha suas tardes de festas e comemorações. O primeiro registro de um desses momentos que caracterizou também o cruzamento de raças diferentes, se deu oficialmente no dia 11 de abril de 1891, quando o casal Joaquim Brasil de Aquino e Maria Pinto de Azevêdo, ele de origem portuguêsa, concedeu a "mão" de sua filha Francisca Brasil de Aquino, 19 anos, a Francisco de Salles Ramalho, 28 anos, filho de Pedro José Ramalho e Delfina Maria Ramalho, lavradores de descendências alpinas. Nessa época o casamento não tinha um cunho tão voltado para o social como agora. A união do casal significava acima de tudo, um compromisso para com a multiplicação, não só dos filhos, mas também dos dotes recebidos. Mas os bailes eram inevitáveis. No dia 02 de março de 1891, inaugurando o Livro de Nascimentos de nosso Cartório, o negociante Manoel Alves Dias Pessanha, solicitava ao Escrivão Feliciano Lopes, o registro de uma criança do sexo masculino, de cor branca, filho do lavrador Leão José Ribeiro Salgado. A falta de meios de transporte adequados e as más condições das estradas, retardara a comunicação no dia exato do nascimento que se dera em 06 de fevereiro do mesmo ano às seis horas da manhã. A mãe, dona Maria Virgínia da Conceição, tivera parto normal em sua residência no lugarejo denominado de "Buraca" (hoje Pimentel), na Freguesia de Santo Antônio das Cachoeiras. Ao menino foi dado o nome de Manoel dos Reis Ribeiro Salgado. Casamentos, nascimentos, muito mais que motivos de festas, eram importantíssimos passos para a formação de nossa sociedade. Uma sociedade que já começava a ser intimada para opinar sobre os assuntos políticos de seu distrito. Uma sociedade que, apesar de ainda sob forte influência dos grandes "senhores" e "coronéis", tinha o direito de ser também consultada na hora da escolha de seus representantes junto ao município de Campos e ao Estado do Rio de janeiro.
A PRIMEIRA ELEIÇÃO
Assim, em 16 de junho de 1892, os eleitores cadastrados no Distrito de Santo Antônio das Cachoeiras, em torno de cem, foram convocados para a eleição dos Vereadores Gerais, Distrital e o novo Juiz de Paz. Na residência de D. Maria Pinto da Conceição Ribeiro, onde funcionava uma escola mista, no lugar denominado Barra Sêca, foi instalada a 1ª Seção Eleitoral do Distrito. Ali foi colocada uma grande mesa sob a qual estavam a urna, o Livro de Assinaturas e o Livro de Ata da Votação que seria transcrito no Livro do Cartório. Em torno da mesa tiveram assento o Presidente da Seção, Manoel Antônio Ribeiro de Castro, o Fiscal José Alves Torres Júnior e os auxiliares Manoel José Ribeiro de Azevêdo, Jerônimo Gomes da Silva, Oscar da Costa Pereira e José Mendes da Silva.
O presidente designou o membro Oscar da Costa Pereira para secretariar a votação e redigir a ata e o membro Jerônimo Gomes da Silva para fazer a "chamação" dos eleitores, o que foi cumprido às 10:00h da manhã. Precisamente às 14:00h, foi concluída a votação e registrada a presença de 66 eleitores. O secretário passou então, em voz alta e na presença de todos, a ler o resultado que foi o seguinte: ? Para Vereadores Distritais: Júlio Feydit - 53 votos Jerônimo de Souza Mota - 52 votos ? Para Vereador Distrital: Faustino Ribeiro da Silva - 52 votos José Antônio da Silva Sanches - 14 votos ? Para Juiz de Paz: Caetano Pinheiro Ribeiro S. Azevêdo - 54 votos. ? Uma cédula de votação para Vereadores Gerais ficou em branco. Obs.: Se houve ou não falha ou "fraude" na apuração, foram estes números que o secretário Oscar da Costa Pereira divulgou e transcreveu para o Livro do Cartório. Mais tarde as eleições passaram a ser realizadas na casa de D. Maria Cardoso, na Estação de Cachoeiras (ex-Santo Antônio...) e posteriormente na Estação de Cardoso Moreira, onde morava o Sr. Artur Eugênio Torres. Final do Séc. XIX, Santo Antônio da Cachoeira já com sua condição de terra promissora, continuava a crescer a cada dia e seus habitantes apesar de espalhados, distantes uns dos outros, permaneciam próximos no ideal de que o século seguinte iria trazer à tona uma riqueza muito grande que esperava pelos investidores e que estava sob seus pés, como que a descansar por sua longa formação geológica ou envergonhada por se mostrar tão alva diante de um povo bronzeado por sua
labuta sol a sol.
www.italvaonline.com.br/historia_1.htm
Data da fundação do município: 12/06/1986.
Gentílico Italvense.
É conhecida como a cidade do "quibe", por ter sido, em parte, colonizada por migrantes de origem sírio-libanesa.
www.governo.rj.gov.br/municipal.asp?M=61
www.cederj.edu.br/atlas/italva.htm
pt.wikipedia.org/wiki/Esporte_Clube_Italva
www.italvaonline.com.br/
Artigo da Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Italva
Cidades vizinhas:
Coordenadas: 21°27'23"S 41°39'59"W
- São Fidélis 31 km
- Campos dos Goytacazes 37 km
- Itaperuna 73 km
- Domingos Martins 155 km
- Aimorés 231 km
- Caratinga 242 km
- Aracruz 252 km
- Baixo Guandu 254 km
- Colatina 261 km
- Linhares 298 km
- Serra do Vai-e-Volta 6.6 km
- Serra de Santo Eduardo 16 km
- Serra da Bandeira 16 km
- Serra do Macaco 18 km
- Assentamento Floresta Belém 19 km
- Assentamento São Fidélis 20 km
- Serra do Monte Verde 20 km
- Santa Maria de Campos 23 km
- Assentamento Paz na Terra 26 km
- Guarus 45 km