Sé Catedral (Silves)

Portugal / Algarve / Silves

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Coordenadas:   37°11'24"N   8°26'18"W

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  • A ANTIGA SÉ CATEDRAL A antiga Sé Catedral de Silves remonta à época da definitiva reconquista da cidade pelos exércitos cristãos ocorrida no séc. XIII. Embora tenha sido nomeado um bispo após a primeira conquista no tempo de D. Sancho I ( 1189 ), D. Nicolau de seu nome, um dos cruzados que na dita conquista participaram, a efémera dominação da cidade não permitiria a construção do templo cristão. Só nos finais do século seguinte, resolvidos os problemas de soberania sobre o Algarve surgidos entre Afonso III de Portugal e Afonso X de Castela, muito provavelmente se iniciou a construção daquela que seria a catedral da recém-criada diocese algarvia. Foi talvez D. Dinis o rei que maior influência teve na sua obra, isto a dar fé a uma lápida encontrada referindo Domingos Joanes falecido em 1280 como seu primeiro mestre de obras e a visita do rei a Silves em 1282. As obras alongaram-se bastante, prejudicadas por sucessivos terramotos no séc. XIV, e só foram realmente consideradas acabadas no séc. XV, pela altura da visita real de Afonso V, época a que pertencem a maioria dos pormenores góticos hoje visíveis. Trata-se duma igreja de planta em cruz latina, da qual se destaca a bela ábside em grés vermelho, de três capelas. Esta, pode ter tido início ainda no séc. XIII-XIV, mas são do séc. XV a maioria dos seus pormenores, seja no exterior ( marcas de canteiro, por exemplo ) como no interior ( bocetes de abóbada com o escudo real da dinastia de Avis ). É também do séc. XV parte da fachada principal desta antiga Sé. A torre alta e o remate em volutas, no Sul de Portugal caiadas de cor, emprestam-lhe a alegria curvilínea da arte Setecentista que faltava à estrutura da fachada tripartida própria do gótico mendicante português. O pórtico de alvenaria de pedra clara apresenta desenho muito clássico no gótico nacional e, no Algarve em particular, assim incorporado num alfiz ( moldura em pedra em que se encaixa todo o portal, com tradições românicas e mesmo muçulmanas ). Mas quem reparar cuidadosamente no magnífico friso esculpido na última arquivolta ou nos motivos decorativos dos capitéis, não poderá deixar de reconhecer o trabalho do pórtico da Matriz de Portimão executado depois deste pelos mesmos canteiros, por volta de 1476. Ainda no exterior, hoje a porta lateral sul pela qual se tem acesso ao templo, uma porta rococó pós-terramoto datada de 1781. No interior a variedade estilística mantém-se, reflectindo as então duas tendências dominantes na arquitectura nacional. A cabeceira de três naves e o transepto são abobadados e a sua decoração aproxima-se dos exemplos que chegavam das obras do Mosteiro da Batalha. Nas naves, nas quais se desistiu do abobadamento, dominam os sóbrios pilares octogonais, exemplares dum gosto mais simples de raiz mediterrânica, presente na Igreja de Santiago em Palmela. Nas paredes das naves laterais, capelas de decoração em talha barroca. Também iniciada com a dinastia de Avis foi a moda da construção de capelas-funerárias. Na Sé, à parte a cripta ainda por abrir, existe, no mais simples gótico de abóbada de ogivas cruzadas, uma pequena capela, dos Regos, onde repousam os túmulos de Gastão da Ilha e João do Rego, altos funcionários da administração silvense de Quatrocentos. Túmulos de bispos e alguns outros notáveis de Silves repousam pelas paredes e chão das naves. No altar-mor , ao centro, a pedra tumular do rei D. João II que aqui sepultado em 1495, foi depois transladado para o Mosteiro da Batalha. Igreja dedicada a Nª Sª da Conceição, possui desta uma belíssima imagem gótica, ao centro da capela-mor. Texto © Manuel Castelo Ramos
Este artigo foi modificado pela última vez 17 anos atrás