Núcleo de Arte Rupestre da Penascosa

Portugal / Norte / Custyias /
 lugar interessante, patrimônio mundial pela Unesco
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Conjunto dos Sítios Arqueológicos no Vale do Rio Côa - Núcleo de Arte Rupestre da Penascosa

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Até à descoberta das gravuras rupestres do vale do Côa, o conhecimento que se detinha sobre a Arte paleolítica do actual território português resumia-se a alguns exemplares de adorno e ao sítio do Escoural, identificado já nos inícios da década de sessenta, bem como às gravuras do Mazouco, o primeiro sítio de Arte rupeste paleolítico ao livre identificado no Continente europeu.
Era, pois, natural que os eventos decorridos nos idos de 1989 causassem tão grande impacte nacional e internacional. E foi graças aos trabalhos desenvolvidos no âmbito do projecto de construção da futura barragem junto à foz do Côa que se procedeu a um levantamento dos vestígios da actividade humana que pudessem vir a ser submergidos. Não obstante os resultados então obtidos, foi preciso esperar pelo ano de 1992 para que, já durante os trabalhos arqueológicos de acompanhamento da construção da barragem, fossem descobertas as primeiras gravuras rupestres paleolíticas, dessa feita na zona da "Canada do Inferno". Estava, enfim, aberto o caminho àquela que se revelaria uma das regiões mais profícuas em termos de produção de Arte rupestre, tanto ao nível cronológico, como estilístico e quantitativo. Razões mais do que suficientes para que o Verão de 1995 estabelecesse uma fronteira bastante nítida na política de património conduzida até então entre nós e no estatuto da própria Arqueologia. Foi, de facto, graças a uma iniciativa excepcional no panorama internacional, que o Governo decidiu suspender as obras de construcção da barragem, dando primazia à salvaguarda dos sítios arqueológicos registados até então e a todos quantos pudessem vir a ser arrolados no futuro, com base em relatórios circunstanciados da lavra dos mais importantes especialistas na matéria, num culminar de um longo processo que envolveu toda a comunidade nacional e se repercutiu internacionalmente.
E a decisão não poderia ter sido mais pertinente pois, no vale do Côa, presenciamos o exercício, o ar livre, de variadas expressões artísticas "pré-históricas" e "históricas", colocando à disposição dos especialistas em Arte rupestre uma multitude documental paulatinamente datada, com base em critérios estilísticos, estratigráficos - através da análise das figuras sobrepostas - e na identificação das espécies animais representadas, nas quais sobressaíam o cavalo, o auroque e a cabra montês. Factores que permitirão afirmar estarmos numa região onde a Arte paleolítica, em especial, foi executada ao longo de vários milénios, desde o "Gravetense" (há cerca de 24 ou 25 mil anos) até ao "Magdalenense" (há 10 ou 12 mil anos) (CARVALHO, A.F., ZILHÃO, J. e AUBRY, Th., 1996, p. 29). Quanto às épocas subsequentes, não foram identificados até ao momento testemunhos mesolíticos, contrariamente aos neolíticos , calcolíticos e da Idade do Ferro, que parecem abundar, numa altura em que se passou a representar a figura humana, frequentemente associada ao equídeo e a armas.
Integrando o complexo arqueológico do vale do Côa, inscrito na lista de "Património Mundial" da UNESCO (1998), o "Núcleo de Arte Rupestre da Penascosa" localiza-se na margem direita do rio Côa, no sopé da vertente Oeste do Monte do mesmo nome. Constituído por dezanove rochas de xisto, as suas superfícies verticais foram gravadas com diversas representações animais datáveis do Paleolítico superior, com especial enfoque nos equídeos, bovídeos e caprídeos (a par de peixes e de motivos filiformes), conseguidas com o contraste produzido pela diferenciação cromática patente nos sulcos abertos, por picotagem e abrasão, que poderia ser, originalmente, associada à pintura, uma possibilidade que, embora plausível pelos exemplos conhecidos além-fronteiras, ainda carece de confirmação no terreno. Uma das maiores particularidades deste núcleo residirá, no entanto,no facto de algumas representações terem sido executadas de modo a transmitirem uma certa sensação de movimento.
Cidades vizinhas:
Coordenadas:   41°0'20"N   7°6'17"W
Este artigo foi modificado pela última vez 13 anos atrás